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Covid-19 pode gerar sentimento de luto por causa do isolamento social

25 de março de 2020

Os sentimentos gerados pela pandemia do coronavírus pode trazer o mesmo peso da perda de um ente querido: uma sensação de luto causado pelo isolamento social. Para identificar esses sentimentos, a psicóloga e hipnoterapeuta da Epopéia Desenvolvimento Humano, Sabrina Amaral, compartilhou algumas informações sobre como lidar com os sintomas gerados pela quarentena e diminuir o estresse emocional desta situação.

A psicóloga descreve o fenômeno de isolamento nas pessoas como similar ao que acontece no luto, que nada mais é do que um processo que ocorre imediatamente após a perda de algo ou alguém importante para nós. “Isso vale para coisas, pessoas e até mesmo situações. Não se trata de um único sentimento, mas sim um conjunto de emoções que requer um tempo para ser elaborado e absorvido”, acrescenta.

O tempo para as pessoas se reequilibrarem depende de cada um. Para Sabrina Amaral, cada um de nós tem um ‘tempo emocional’, por isso, este processo jamais deve ser apressado, e, embora cada ser humano seja um indivíduo único, a psicóloga cita ainda etapas comuns a todos no processo de reelaboração: a negação, a raiva, a barganha, a depressão e, finalmente, a aceitação ou a conciliação.

Reconheça as etapas, auxilie aos outros e acolha-se caso você esteja passando por isso, quando entendemos, conseguimos lidar melhor com a situação.

NEGAÇÃO: O choque é tão grande que ficamos entorpecidos com o que está acontecendo e se ignorarmos isso vai passar. Tipo aquela pessoa que fala que tudo isso é um grande exagero e não passa de uma gripezinha, sabe?

RAIVA: Quando se tem um sentimento de revolta com tudo que está acontecendo e se quer achar um culpado para a situação. Os ricos que trouxeram o vírus para os pobres, o governo que não fez o que deveria, o seu vizinho que continua andando na rua como se nada estivesse acontecendo.

BARGANHA: É uma forma de buscar uma trégua temporária, um equilíbrio… Você concorda em ficar em casa, ser uma boa pessoa, ajudar os vizinhos, tudo isso para ser recompensado por um bom comportamento. Neste estágio, virão pensamentos do tipo “vou acordar e perceber que tudo isso foi um pesadelo”, ou ainda, os pensamentos do “e se tivesse…”.

DEPRESSÃO: Neste momento não temos alternativa senão olhar para o presente. Nos ressentimos, choramos e isso nos afeta de forma tão profunda como jamais imaginaríamos. É angustiante, pois parece que nunca vai passar. Bate um desânimo muito grande e nos questionamos se vale a pena continuar com tudo.

ACEITAÇÃO: Ainda não passou, mas vemos uma luz no fim do túnel e que tudo há de ficar bem. Aceitamos a realidade e começamos gradativamente a reagir e buscar alternativas para recuperar nosso equilíbrio emocional e estabilidade.

Para Sabrina Amaral a frase do psicólogo Carl Jung traz indícios de como lidar com o momento: “não há despertar da consciência sem dor. As pessoas farão de tudo, chegando ao limite do absurdo para evitar enfrentar a sua própria alma. Mas, ninguém se torna iluminado por imaginar figuras de luz, mas sim ao se conscientizar da escuridão”.

Se levar a frase para o contexto em que vivemos, isso ocorre ao nos conscientizarmos da perda e da necessidade de reestruturar a vida a partir de um novo contexto, que é a aceitação das limitações deste momento. “Numa sociedade hedonista como a nossa, é quase um pecado se permitir sentir a tristeza, a melancolia e a dor. A pressão social pela ditadura da felicidade pode inibir o contato com os sentimentos, esta é uma etapa importante!’, alerta.

Ela explica que na prática, após a perda, a melhor forma de lidar com os sentimentos é criar uma rotina diferente. “O ser humano se sente mais seguro quando tem uma estrutura que dá a ele uma sensação de controle e segurança. Nesta rotina falamos de autocuidado, atividades físicas, estar com seus entes queridos (ainda que virtualmente), mas especialmente de trabalho. Ao se sentir produtiva, a pessoa não se rende ao desânimo e à paralisia, minimizando os impactos”, explica Sabrina.

Porém é necessário, segundo ela, um cuidado para não se enganar, pois  há pessoas que se entregam de forma tão profunda a esta rotina que desequilibram outras áreas importantes. Então, se esconder atrás do trabalho e fingir que nada está acontecendo, não ajuda ninguém a se equilibrar novamente.

O momento de buscar ajuda de um psicólogo é quando o estágio de medo e a tristeza se prolonga mais do que deveria ou ainda agrava algum quadro anterior de depressão, pânico e ansiedade. Às vezes, poucas sessões são o suficiente para elaborar sentimentos que você usualmente não consegue partilhar com os outros ou trazer sentimentos que você nem sabia que estavam lá.  “Eu costumo dizer que é difícil ler o rótulo de uma garrafa estando do lado de dentro dela. Precisa de alguém de fora para te tirar desse turbilhão de sentimentos e emoções que te consomem dia a dia”, finaliza a psicóloga.

Saiba mais sobre Sabrina Amaral: Idealizadora da Epopéia Desenvolvimento Humano, a psicóloga e hipnoterapeura Sabrina Amaral é graduada em psicologia e pós-graduada em gestão estratégica de pessoas, especializada em hipnose clínica avançada, pela Omni Hypnosis Training Center, hipnose para tratamento de dor crônica pelo HypnoPain, e tem ainda formação em Transe Conversacional – ACT (Elizabeth Erickson), entre outras capacitações que a tornam uma referência no assunto na Região Metropolitana de Campinas, onde também é embaixadora e mentora da Rede Mulher Empreendedora.

Da sua crença na transformação do ser humano, após uma vivência de duas décadas na gestão de processos de RH, nasceu a Epopéia Desenvolvimento Humano que se propõe a levar à tona o que o cliente tem de melhor com o intuito de ajudá-lo no processo de se tornar pleno, inteiro e feliz.

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