Manchester: A Inglaterra do rock pós-industrial ao futebol

O Reino Unido é conhecido como o berço de muitos artistas que contribuíram para pavimentar a longa estrada da música, seja ela em sua verve rock’n roll, pop ou eletrônica. Enquanto Liverpool é a casa dos Beatles, Manchester, no noroeste do país, viu nascer bandas que, mesmo após décadas, ainda ecoam seus hits pelo mundo, como a emblemática Joy Division e a sua sucessora, o New Order (foto) e também os melancólicos The Smiths ou os queridinhos e bad boys do Oásis. A cidade inspirou estes então jovens a cantar suas inquietudes em acordes e letras que retratam uma cidade pós-industrial e dona uma paisagem e arquitetura um tanto quanto opressoras e manchadas de tons cinza.

Mas se Manchester pode ter uma rotina dura, seus moradores aliviam o estresse cotidiano com uma paixão que dividem fervorosamente com os brasileiros: o futebol. Devo confessar que tenho interesse zero por futebol, mas é impossível ficar alheio ao que este esporte motiva nas pessoas que ali vivem, dividas entre dois dos maiores times do Reino Unido: Manchester United e o Manchester City. Só para comparar a paixão pelas duas equipes, é como se fossem os mineiros do Atlético e do Cruzeiro, ou os cariocas Flamengo e Fluminense.

Estádio do Manchester United: Futebol, uma paixão nacional

É uma devoção incondicional, tanto que os estádios dos dois times são abertos à visitação. Os roteiros do Manchester United Stadium e do Manchester City Stadium exploram, além dos campos, é claro, lugares onde os jogadores se preparam e ainda salas que guardam troféus e onde os destinos dos clubes são decididos. Se, por sorte, o visitante estiver na cidade em um dia de jogo, poderá incluir no pacote assistir a partida, mas para isso terá de desembolsar umas tantas libras a mais, mas vale a pena, principalmente para quem aprecia o esporte.

Além dos dois tours nos estádios, Manchester oferece também ao seu visitante, o Museu Nacional do Futebol. O imponente edifício de vidro bem no Centro da cidade abriga um acervo que vai da memorabilia de times de vários países, reverencia jogadores como Pelé e também doura a pílula da seleção inglesa ao narrar a Copa do Mundo de 1966 vencida pela seleção da casa. O visitante pode ainda mergulhar no futebol com atrações interativas. O museu fica no Urbis Building, perto dos jardins da catedral.

Museu Nacional do Futebol: Pelé e um dos destaques

Saiba Mais

Tour do estádio do Manchester United 
Tour do estádio do City 
National Football Museum 

De Liverpool a Manchester

Comecei esta viagem de Liverpool. São pouco mais de 50 quilômetros percorridos em uma hora de trem e com a passagem a pouco mais de 2 libras. Como escrevi no post sobre os Beatles em Liverpool, a melhor dica para se mover entre as cidades inglesas é de trem. Comprando com antecedência, melhor ainda. No site da Brit Rail, por exemplo, é possível adquirir passes e passagens. O passe tem a comodidade de oferecer ao viajante a possibilidade de comprar mais trechos pagando preços mais em conta. Evite sempre os horários de pico, muito cedo ou no final da tarde se está em busca de bilhetes baratos. Vale lembrar que é preciso sempre validar o passe, para que se inicie a contagem do seu prazo, normalmente trinta dias.

Como comecei minha visita a Manchester pelo Museu Nacional do Futebol, aproveitei para conhecer a catedral que fica bem ao lado. Já era quase verão, então, um convite para ficar ao sol e a catedral tem no seu entorno um belo jardim com uma praça. O agradável lugar é ideal para sentar na grama e apreciar a vista ou simplesmente bater um papo. É um ponto de encontro bem visitado tanto pelos locais quanto por visitantes.

Jardim da Catedral de Manchester

Do lado de dentro prepare-se para ver uma das igrejas mais belas do Reino Unido. O templo, que teve parte de sua estrutura destruída durante a Segunda Guerra Mundial, é uma obra sacra esculpida em madeira e vidro. A entrada é gratuita e a simpática recepcionista pergunta qual a sua nacionalidade para oferecer um guia em papel e o português do Brasil e de Portugal estão disponíveis. A entrada é franca e paga-se apenas uma libra para se tirar fotos. Destaque para o imponente órgão de tubo e a sessão do coro, toda em madeira talhada à mão.

Área do coro na Catedral de Manchester: obra de arte

Pertinho da catedral fica o Shambles Square, uma praça em estilo medieval que abriga bares, restaurantes e cafés, local típico para turistas aproveitarem um dia de calor a céu aberto e ainda provar algumas delícias inglesas, ou apenas relaxar bebendo uma cerveja ou quem sabe um chá. Cruzando a praça e subindo um pequena escadaria fica o centro comercial de Manchester. Quem gosta de compras deve percorrer os calçadões. Há de tudo, desde lojas de roupas, sapatos, lojas de grife, de brinquedos, de decoração e dezenas de vapeadores, uma febre que promete substituir o consumo de tabaco pelo vapor.

Shambles Square: construções em estilo medieval com bares e restaurantes a céu aberto

Cansou de comprar? Deixe as sacolas no hotel e volte a bater pernas. Um lugar incrível para visitar é a Prefeitura. A edificação erguida no século 19 é parcialmente aberta ao público gratuitamente. Sua arquitetura vitoriana neo-gótica impressiona e a torre é marcada por um relógio que lembra um pouco o Big Ben. A Prefeitura fica na Albert Square, no Centro. Se planeja visitar Manchester no final do ano, aproveite para visitar a feira de natal que acontece todos anualmente na Albert Square.

Sala de leitura na Biblioteca John Rylands

Continuando na região da Prefeitura, a dica é visitar a Biblioteca Central de Manchester. Se você é fã de filmes como Harry Potter acreditará estar em Hogwarts, principalmente na majestosa entrada quando na sala de leitura. E essa grandiosidade, tão singular no Reino Unido, se estende para outras bibliotecas da cidade, como a John Rylands e a histórica Chetham’s.

Saiba mais

Biblioteca Central: St Peter’s Square
Biblioteca John Rylands : 150 Deansgate
Biblioteca Chetham’s: Long Millgate

Cansou de ver prédios antigos e bibliotecas? Manchester também tem lugares modernos e para quem gosta de frequentar a noite, como o Northern Quarter. O bairro é conhecido por bons restaurantes, pubs e casas noturnas, uma ótima opção para começar a noite com alguns drinques, ir jantar e depois ferver numa pista de dança ou assistir a um show de alguma banda local. No Northern Quarter também há opções para quem é mais low profile, aprecia arte e até mesmo para quem quer fazer mais comprinhas. O bairro abriga algumas galeria de arte e de design. Amantes do bom e velho disco de vinil encontram lojas nesta região. Aproveitei para garimpar alguns, entre eles o 12 polegadas de Funtime, clássico de Iggy Pop relançado em 1997 por Boy George.

Northern Quarter: bairro descolado com restaurantes, shows de bandas locais e lojas de discos

Saiba Mais

www.visitmanchester.com/shopping/northern-quarter-p25851

Entrada Franca

Apesar de dizerem que tudo no Reino Unido é caro, especialmente na conversão entre real e libra, vale lembrar que há muitas atrações nas cidades britânicas que têm entrada franca. E Manchester não foge a esta regra. Na cidade é possível visitar alguns museus onde não se paga um centavo para entrar. Veja alguns deles:

Museum of Science & Industry
Em um impressionante edifício ferroviário, o museu mostra Manchester pelo viés da ciência e da indústria. Vale lembrar que a cidade foi a primeira do mundo a se industrializar.

People’s History Museum
Talvez o maior mérito deste museu seja a sua ligação com o movimento sufragista, com seus 101 anos de história de luta pela democracia. O acervo narra a trajetória da luta da classe trabalhadora por justiça social. Para quem aprecia história e política é uma excelente aula.

People’s History Museum: luta pela democracia no Reino Unido

Manchester Art Gallery
Nem só do passado vivem os museus e galerias de Manchester. Um exemplo é a Manchester Art Gallery, especializada em dourar a pílula de novas tendências e artistas da cena contemporânea e não apenas do Reino Unido. A dica é ir cedo porque a galeria é um dos locais mais visitados da cidade, então, as vezes é possível ter que enfrentar filas, mas vale a pena.

Saiba Mais

Museum of Science & Industry : Liverpool Road, Castlefield
People’s History Museum: Left Bank, Spinningfields
Manchester Art Gallery: Mosley Street

Onde Ficar

Há várias opções e preços de lugares para ficar em Manchester. Porém, uma delas destaca-se tanto pelo preço, localização e instalações. O Premier Inn Manchester City – Piccadilly fica a poucos metros da Estação Picadilly, com trens partindo e chegando de Londres e de e para outras várias cidades do Reino Unido. O Hotel fica bem na região central, o que deixa tudo mais fácil para se deslocar pela cidade. O preço também é um grande atrativo, por menos de 90 libras, dependendo da época do ano e disponibilidade, é possível ter um quarto com cama de casal ou duas de solteiro ou ainda uma de casal e outra de solteiro.

Quarto do Manchester City (Piccadilly)

O custo-benefício é ótimo, uma vez que o Premier Inn oferece wifi livre e com boa velocidade, menu gratuito de chás, café e leite nos quartos, além de camas confortáveis e janelas duplas (uma benção para uma noite de sono sem o barulho da rua) e o mais importante, um banheiro limpo e cheio de ammenities. Para quem procura ainda maior comodidade, pode incluir na diária, pagando extra, o café da manhã e um almoço com assinatura de chef. À noite o bar do Premier Inn é também uma opção para finalizar o dia com drinques e um bom bate-papo. Outro atrativo são as vending machines instaladas no saguão. Bateu aquela fome inesperada? Basta descer até o saguão com algumas moedas ou cartão de crédito e comprar petiscos e bebidas.

Saiba Mais
Premier Inn Manchester City – Piccadilly: 72 Dale Street

* Viajei para Manchester a convite do Visit Britain, órgão de promoção do Reino Unido.

Sobre Eduardo Gregori

Eduardo Gregori
Travel Journalist / Publisher
[email protected]
 

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