Borgonovi na cozinha do iate
Se navegar é preciso, cozinhar a bordo é essencial. Que o diga o chef Cristiano Borgonovi, que de tempos em tempos deixa a sua base de operação em Campinas (SP) para singrar os mares. Atualmente, o cozinheiro cumpre temporada em um iate particular de 115 pés (35 metros) que está percorrendo as águas do Caribe, Bahamas e Estados Unidos. Borgonovi é responsável pelo preparo das refeições da tripulação e passageiros. “Meu dia começa às 6h e termina somente depois do jantar, que normalmente é servido às 21h”, conta o profissional, deixando claro que a atividade tem lá o seu glamour, mas também tem muita ralação.
Borgonovi começou a trabalhar em iates em 2005, quando conheceu, por meio de amigos, um comandante que o convidou a atuar numa embarcação de 100 pés que navegaria pela Itália, Croácia, Montenegro, Grécia e Turquia. A experiência foi tão positiva que ele passou a cumprir outras temporadas desde então. O barco atual, conta o cozinheiro, é utilizado tanto pelo proprietário quanto por famílias ou grupos de amigos que o alugam.
Tem capacidade para oito pessoas e conta com uma cozinha que faria a alegria de qualquer chef. “Minha cozinha é muito bem equipada. Tenho um fogão de indução de cinco bocas e um forno elétrico grande. Também disponho de alguns ‘brinquedinhos’ que fariam a alegria de qualquer chef, como minidefumador, sous-vide, batedeira, panelas, frigideiras e uma infinidade de louças”, descreve.
Um dos pratos feitos a bordo
A principal diferença entre cozinhar num iate e numa cozinha convencional, conforme Borgonovi, é que na primeira situação o planejamento e a logística têm que ser absolutamente perfeitos. “Afinal, dependendo de onde vamos ancorar, pode não haver comércio. Assim, é importante que eu tenha todos os itens que pretendo utilizar a bordo”, explica. A definição do cardápio, continua o cozinheiro, é feita a partir de uma espécie de questionário entregue aos passageiros.
No documento, eles informam que alimentos gostam, quais não gostam e suas eventuais restrições alimentares. “Com base nisso é que vou às compras e defino os cardápios do café da manhã, almoço, petisco do começo da noite e jantar. Um aspecto interessante é que as pessoas que fazem os charters normalmente têm alto poder aquisitivo, o que me permite trabalhar com produtos de alta qualidade e, às vezes, raros. Uma das famílias para a qual cozinhei disse que queria comer caviar com champanhe todos os dias no final de tarde, na jacuzzi do iate. Comprei sete latas de caviar beluga, que servi acompanhado de cebola, ovos mexidos, blinis (tipo de panqueca) e Veuve Clicquot”.
O atual local de trabalho do chef
Nem todos os passageiros, porém, são tão exigentes. Segundo Borgonovi, existem ricos que têm gosto simples. “No final de 2017, naveguei com uma família cuja mãe pediu para que eu preparasse como cardápio do Réveillon um espaguete com porpeta. Para minha sorte, eu tinha todos os ingredientes necessários para fazer o prato”. Embora a atividade seja intensa, o chef afirma que de vez em quando consegue descansar após o almoço e fazer passeios pelas localidades onde o iate está ancorado.
Nessas oportunidades, entretanto, o cozinheiro fala mais alto que o turista. “Quando tenho tempo de visitar as vilas e cidades, costumo ir aos mercados para comprar tempero, peixe ou algum ingrediente típico do local. Ah, sim: algumas vezes também sobra tempo para fazer mergulhos para pegar lagostas”, relata Borgonovi, que está navegando desde outubro do ano passado. Ele deve retornar a Campinas em agosto, para um período de 15 dias. Nesta sexta-feira (18), o chef acompanhava os trabalhos de manutenção periódica do iate, que está momentaneamente fora d’água. “Por enquanto, estou sem cozinhar e comendo em restaurantes”, diz, um tanto contrariado.
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