Blog do Vinho

Mãe também gosta de vinhos encorpados e potentes

por Suzamara Santos
Publicado em 8 de maio de 2018

Já faz muitos anos que não tenho Dia das Mães com a minha mãe. Por outro lado, sou mãe (agora pãe, o que quer dizer que em agosto tem mais), porém meu filho ainda não está na idade de compartilhar vinhos comigo. Tudo bem, ele fica no suco de uva e a mamãe aqui se diverte de modo mais adulto. Sempre que datas importantes se aproximam, começa um bombardeio de sugestões de rótulos para tornar a ocasião ainda mais especial.

Eu sempre digo que data festiva é festa; jantar harmonizado é enogastronomia; coisas diferentes, certo? Então a escolha do vinho pode começar considerando o gosto pessoal: você prefere tinto, branco, espumante… E para não ser tão simplista, poderíamos falar do clima/ambiente da ocasião: restaurante, beira da piscina, chácara, em casa? Sim, porque num restaurante sempre há um profissional preparado para sugerir o vinho, caso você tenha dúvida.

Já à beira da piscina ou em chácara, combinam os vinhos frescos, frutados e leves, como os brancos, rosés e espumantes… humm, delícia… E se a comemoração for um churrasco daqueles de varar a tarde? Ora, mantenha os vinhos de piscina (não são só de piscina, please!) e inclua uma ou duas opções de tinto. Aqui vale um rótulo de taninos macios, como Merlot e Pinot Noir, lembrando que taninos costumam brigar com excesso de sal, ingrediente salpicado generosamente sobre a grelha nesse tipo de encontro.

Como se vê, sou uma defensora radical da descontração na hora de escolher vinho e prato. Mesmo porque, para desfrutar de degustações e harmonizações técnicas existem espaços mais apropriados do que as festas em família, em que a maioria dos vinhos que rola não requer nenhum exercício cerebral para ser apreciado. São bebidas jovens, descontraídas, fáceis de entender. Se entre os presentes comparecer algum enófilo em busca de alguma experiência especial, certamente, ele terá a elegância de levar a sua própria garrafa.

E não faltam filhos que cogitam em presentear a mãe com uma garrafa de vinho. O cuidado, nesse caso, é não cair na armadilha de escolher um vinho “levinho, perfumado” – ainda tem os que acreditam que mãe gosta de “vinhos femininos” (hein, o que é isso?!?). Errado! As mulheres têm paladar e curiosidade para curtir uma bebida encorpada, de aromas etéreos, com aquela pontinha de adstringência chamando comida.

Assim, se você está pensando em dar vinhos de presente para a sua mãe, busque ampliar o olhar, pois esse horizonte é vasto. Use a criatividade e surpreenda com um rótulo diferente, de país pouco conhecido; ou aposte numa uva exótica, que não integra a lista das mais procuradas; talvez uma região fora da curva, que tem novidades a mostrar… E que tal um kit de acessórios (práticos, não bonitinhos) acompanhando a garrafa? Dentro dessas possibilidades existem garrafas acessíveis e de qualidade que incluem tintos, brancos, doces, espumantes e, sim, os levinhos e perfumados, mas, atenção, sem distinção de gênero. Saúde!

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