A banana talvez seja a mais prosaica e versátil das frutas. É encontrada o ano todo nas gôndolas e esquinas, inclusive as mais baldias da cidade, a preço quase sempre respeitoso. E se presta a um incontável número de preparações, forjadas tanto pela confeitaria quanto pela chamada cozinha quente. Eu gosto de banana. Tanto quanto gosto de gente. Aliás, se gente fosse, esta fruta talvez ostentasse os sobrenomes Silva ou Santos, tão comuns e ao mesmo tempo tão essenciais à constituição do povo brasileiro.
Banana in natura é o que há. Nanica, maçã, ouro, prata, cada qual com sua personalidade e, quiçá, idiossincrasia. Saciam a fome e adoçam o momento. Temos também as espécies mais dadas à cocção, como a banana-da-terra. Não perde a pose nem mesmo quando submetida a altas temperaturas. Algumas são mais doces e ternas; outras, mais austeras e adstringentes. Todas, porém, de significativo valor nutricional e sensorial.
Aprecio banana na farofa. Adoro banana na moqueca. Sou doido por uma compota da fruta. Além disso, jamais dispenso uma banana natural como companhia do arroz com feijão e “mistura”. A minha memória mais remota relacionada à banana é a cozinha da casa dos meus pais. Minha mãe, dona Glória, costumava preparar tachos enormes de bananada, que depois era deitada delicadamente sobre uma pedra de mármore para repousar e esfriar.
Assim que a consistência permitia, minha mãe cortava o doce em pequenos losangos, que depois eram passados pelo açúcar cristal e transferidos para grandes potes de vidros, onde permaneciam por poucos dias, claro. Os pequenos tabletes derretiam na boca, como nuvens que se desfazem no céu. Ah, que maravilha de alimento é a banana! Tão nobre e saborosa que deveria ser sempre entregue aos vencedores, desde que estes tivessem superado justas batalhas.
Newsletter:
© 2010-2025 Todos os direitos reservados - por Ideia74