Blog do Vinho

Black Sheep: harmonia entre cardápio e carta de vinhos

por Suzamara Santos
Publicado em 25 de novembro de 2017

Esta semana fui conhecer o Black Sheep Gastronomia, que fica na simpática Rua dos Bandeirantes, no Cambuí. Vários amigos já tinham me recomendado e só agora, depois de dois anos de portas abertas, tive a oportunidade de ver para crer, ou melhor, de comer para crer. A casa tem ares de bistrô, o que podemos resumir em ambiente aconchegante para 60 pessoas, cardápio autoral enxuto e preços sensatos.  

Mauro Tavares (foto abaixo, à direita) é o chef que comanda tudo por lá. Ele passou duas importantes temporadas na Nova Zelândia (2010 e 2013), entre panelas e paisagens, e trouxe da Oceania um olhar especial para a comida. Vê-se claramente no menu da casa uma filosofia por trás de suas construções culinárias. Nessa cozinha, os produtores da região têm espaço certo. A conexão com a natureza, também.

As receitas vão e voltam de acordo com a sazonalidade dos ingredientes. Ou seja, há uma ampla liberdade para criações, renovações e releitura de sabores. Pensou em slow food? Acertou, mas é bom que se diga, o Black Sheep é uma casa moderna sem as afetações da onda de gourmetização que assola a gastronomia. Aqui, sustentabilidade não é só uma palavra da moda.

Queijos da Fazenda Atalaia, de Amparo, e cortes de cordeiro da Quirós Gourmet, de Morungaba, ilustram a preocupação com a procedência dos ingredientes. Os pratos são individuais e bem-servidos. Experimentei a Costela de Cordeiro Quirós composta de “carré” com mostarda caseira, farofa de castanha-do-Pará, purê de grão-de-bico e chimichurri caseiro (foto ao alto). Pela descrição não parece ser um prato leve, mas pode acreditar, é bastante equilibrado nas combinações de sabores e texturas. Das cinco unidades de carrês que integram o prato, sobraram só os ossos.

Para acompanhar, aceitei a sugestão da casa e pedi o tinto espanhol Las2Ces, da região de Valencia, do produtor Chozas Carrascal. Um corte de Bobal, Syrah e Tempranillo, de corpo médio, com expressivas notas de frutas, toques tostados e discretas especiarias. Fez boa presença ao lado do cordeiro. A carta segue o estilo do cardápio, ou seja, é conciso, com boa seleção de espumantes, brancos e tintos, de vários países. Os rótulos gingam perfeitamente com os pratos, o que é meio caminho andado na hora de escolher. As apresentações de cada vinho são objetivas, organizadas e padronizadas. É o tipo de serviço que não inibe o cliente, pelo contrário, deixa-o à vontade.

A cozinha é ágil, os pratos não demoram para chegar, mas não desperdice a oportunidade de experimentar os pães da casa como entrada. Desde o ano passado, Mauro Tavares, em parceira com o chef mineiro Bruno Tamietti, vem exercitando sua segunda habilidade, a panificação. Depois de alguns cursos com o pâtissier Rogério Shimura (Levain Escola de Panificação), ele literalmente botou a mão na massa e criou a Casca Grossa Padaria Artesanal (ótimo nome), especializada em pães de longa fermentação. O empreendimento ainda é pequeno, mas com vocação para se tornar uma grife de respeito. O lindo pão meio azul meio roxo, feito com jenipapo, servido com manteiga Atalaia, foi uma das boas surpresas da noite. A Casca Grossa produz também pão italiano, pão de cacau, aveia e mel, e pão de açafrão da terra e chia. Fica ao lado do Black Sheep, mas, atenção, melhor consultar os dias das fornadas se quiser comprar:  https://www.facebook.com/cascagrossapadaria/. Saúde!

Fotos: Érika Soares, Sabores e Palavras

Black Sheep Gastronomia, Rua dos Bandeirantes, 270, Cambuí, fone. (19) 3254-7334. De terça a sexta no jantar; sábado e domingo no almoço e jantar; domingo no almoço. Ocupação: 60 lugares. Mais informações: Facebook.com/Black Sheep Gastronomia; Instagram @blacksheepgastronomia

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