Blog do Vinho

Casa Verrone: aroma, cor e sabor de novidade

por Suzamara Santos
Publicado em 5 de outubro de 2017

Dupla poda, vinho da Mantiqueira, colheita de Inverno, ciclo invertido, vinho do Sudeste. Não importa o nome, o fato é que hoje é impossível deixar de falar dele. Aqui mesmo, neste blog, o assunto é frequente. E a inspiração desta vez é a visita de Marcio Verrone a Campinas, sábado passado, num encontro que começou pela manhã e entrou até o meio da tarde, na Adega Abadesco, onde seus rótulos podem ser encontrados (os preços estão no final desse texto). Ele é o proprietário da vinícola Casa Verrone, cuja sede fica em São José do Rio Pardo e os vinhedos se espalham pela Mantiqueira, entre as cidades de Itobi e Divinolândia, em altitudes superiores a 850 metros acima do nível do mar.

Descontraído e bastante amável, Marcio ofereceu aos convidados sua recém-nascida estrela, o Casa Verrone Gran Speciale Cabernet Franc / Cabernet Sauvignon – Safra 2015, um vinho imponente, sóbrio e encorpado, que acena para um envelhecimento bastante promissor.  Ao lado do premiado Casa Verrone Speciale Syrah 2015 (Top Teen na última Expovinis, em São Paulo), a novidade confirma o potencial da região Sudeste, como um terroir em consistente evolução.

Marcio é da área de agronomia e foi fisgado pelo vinho nos cursos da ABS (Associação Brasileira de Sommeliers), que começou a frequentar a partir do ano 2000. Depois de vigorosa litragem acumulada em estudos, viagens e degustações, ele ganhou ímpeto para embarcar na “aventura” da dupla poda, um sistema de plantio desenvolvido pela Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig) que atrai a colheita de uvas para os dias ensolarados do Inverno brasileiro, fugindo da chuvarada do Verão que pode melar uma safra inteira.

Em 2009, ele plantou as primeiras vinhas europeias e no ano seguinte produziu o primeiro vinho, uma experiência precoce que serviu para atestar o potencial da região. Assim, a bela Serra da Mantiqueira, que se estende pelos estados de Minas, São Paulo e Rio, aos poucos, vai incorporando em sua paisagem geométricas extensões de vinhedos, a quebrar a supremacia dos cafezais que há muito vicejaram por lá. Tudo isso tem cheiro, cor e sabor de novidade.

Pelos louros amealhados até aqui, já se pode afirmar que a Syrah entre as tintas e a Sauvignon Blanc entre as brancas são fortes candidatas a definir o terroir do Sudeste. Porém, é cedo para bater o martelo. Ainda há muita expectativa em torno da evolução da Pinot Noir, que já desperta entusiasmado zunzum entre os entendidos; e a categoria da Chardonnay, que vem impondo sua personalidade de maneira consistente e clara. O Casa Verrone Speciale Chardonnay 2015 (esgotado) foi eleito o melhor Chardonnay na Grande Prova Vinho do Brasil 2016, superando 850 rótulos de 110 vinícolas e oito estados.

Esse ambiente arejado da vitivinicultura brasileira estimula a criatividade dos enólogos e provoca a curiosidade dos enófilos. O Casa Verrone Espumante Natural Brut, 75% Chardonnay e 25% Pinot Noir (único corte da linha), consegue imprimir a assinatura de uma vinícola moderna ao mesmo tempo em que saúda a nossa expertise na produção de espumantes. Uma curiosidade sobre esse vinho é que ele provém de uvas cultivadas a 1.300 metros de altitude e colhidas no Verão, entre dezembro e janeiro. Ou seja, ciclo convencional, com poda única, que Marcio reconhece como um risco que vale a pena correr. Outro rótulo interessante é o Casa Verrone Sauvignon Blanc que demonstra a boa interação dessa uva de origem francesa com o clima da Mantiqueira, enfatizando os típicos aromas de abacaxi, pêra e maçã verde.

Com tantos resultados positivos, não se pode mais dizer que a dupla poda é uma experiência ou uma aposta a se confirmar. Não. Os vinhos existem, são bons, têm personalidade e representam um terroir. E é importante citar alguns pioneiros. Para ficarmos só no Sudeste, além da Casa Verrone (SP), temos Guaspari (SP), Estrada Real (MG), Maria Maria (MG) e Casa Geraldo (MG). Entre as uvas já adaptadas listam Pinot Noir, Chardonnay, Syrah, Viognier, Cabernet Sauvignon, Cabernet Franc e Sauvignon Blanc. Mas já está tudo pronto na Mantiqueira? Certamente, não! Uma das questões que se colocam, por exemplo, diz respeito ao ciclo produtivo da planta: até quando as videiras aguentam o intenso estresse a que são submetidas ano a ano com a dupla poda? Em aberto.

 

ONDE COMPRAR

Adega Abadesco, Av. José Bonifácio, 2120, Jdim. das Paineiras, f. (19) 3327-2370

– Casa Verrone Rosé (uva syrah): R$ 59,50

– Casa Verrone Espumante Natural Brut: R$ 59,50

– Casa Verrone Sauvignon Blanc 2016: R$ 59,50

– Casa Verrone Speciale Syrah 2015: R$ 97,80

– Casa Verrone Gran Speciale Cabernet Franc/Cabernet Sauvignon 2015: R$ 213,10

 

 

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