Dia dos Namorados está chegando e a minha dica para uma comemoração romântica é um bom espumante brasileiro. Temos muitos. Vou aproveitar a oportunidade para comentar o Guia de Vinhos Descorchados 2017 (editora Inner, R$ 139), organizado pelo jornalista chileno Patricio Tapia, que faz um diagnóstico completo e eficiente da vitivinicultura da América do Sul. A publicação surgiu em 1999, dedicada apenas aos vinhos chilenos, mas logo cresceu e abriu espaço para a Argentina, o Uruguai e mais recentemente o Brasil. Hoje, o Descorchados é a uma referência muito respeitada dos vinhos do Cone Sul.
A presença brasileira ainda é discreta, pelo menos em número de páginas, pois o guia limita seu alcance aos espumantes, reconhecidos pelos editores como o nosso principal produto. Pelo que se vê no País, imagino que, em breve, o guia dedicará espaço também aos brancos e tintos, pois são inegáveis o avanço e a profissionalização de nossas vinícolas. Daí, não estranhe as 72 páginas dedicadas ao Brasil, enquanto o Chile tem 420, a Argentina ocupa 416 e o Uruguai, 89. A edição 2017 traz 3.800 vinhos degustados, resenhas de cerca de 500 vinícolas, ranking dos melhores vinhos do ano, mapas de todas as zonas vitivinícolas do continente, preços e análise do panorama do vinho de cada país. Um trabalho de fôlego, portanto.
Voltando aos espumantes, o guia elegeu o Cave Geisse Terroir Nature 2011 (93 pontos) como o melhor espumante brasileiro. Quem se interessa pelos nossos vinhos certamente não se surpreendeu com a escolha. Trata-se de uma grife das mais prestigiadas pelos enófilos. Esse vinho, um corte de Chardonnay e Pinot Noir, ambas 50%, é mais um com a assinatura do craque Mario Geisse, chileno que está no Brasil desde 1976, e se tornou um dos nomes mais robustos do vinho brasileiro, pois foi um dos primeiros a farejar a nossa vocação para as festejadas borbulhas. Sua vinícola, um empreendimento familiar, fica em Pinto Bandeira, entre as cidades de Bento Gonçalves e Farroupilhas (RS).
As surpresas vêm em outras categorias, pois apresentam vinícolas não muito conhecidas e de produção limitada. A categoria Vinho Revelação, por exemplo, aponta seis rótulos absolutamente originais: Enos Vinhos de Boutique La Belle Blanche Brut Rosé, Serra Gaúcha, elaborado com Chardonnay (70%), Trebbiano (20%) e Pinot Noir (10%); Vallontano LH Zabini Extra Brut 2012, corte de Chardonnay (75%), Pinot Noir (25%), Arte da Vinha Equinócio Nature Rosé, da Serra Gaúcha, mescla das castas Egiolda, Sangiovese, Tannat, Cabernet Franc, Cabernet Sauvignon e Ugni Blanc; Guatambu Angus Extra Brut 2015, da Campanha Gaúcha, varietal de Chardonnay (100%), Vinha Unna Censura Rosé Nature 2015, de Pinto Bandeira, varietal de Merlot (100%); e Arte da Vinha Espírito Pacômio Ancestral, do Vale dos Vinhedos, varietal de Moscato Giallo (100%).
Há outras categorias, como Melhor Asti, Melhor Charmat, Melhor Método Tradicional, Melhor Extra Brut, Melhor Brut, Melhor Moscato, Melhor Nature e Melhor Rosado – essas ficam para outras ocasiões, pois não dá para comentar todas aqui. O guia aponta os espumantes “Nature”, ou seja, quase “zero” de teor de açúcar, como os produtos mais sofisticados e nobres do País. Mas, segundo os editores, são os “brut” (com açúcar residual) a melhor definição da nossa indústria vitivinícola. A conclusão é baseada em números. Dos 233 espumantes provados, apenas 29 são Nature, dos quais nove não foram recomendados. Já, entre os brut, dos 148 vinhos provados, 84 entraram no Descorchados 2017, daí a sua representatividade.
Vamos ao ranking principal, que serve como sugestão de vinhos para conhecer e dá uma amostra da diversidade da produção nacional.
MELHOR ESPUMANTE
Geisse – Cave Geisse Terroir Nature 2011, Pinto Bandeira (RS), 93 pontos
Enos Vinhos de Boutique – La Belle Blanche Brut Rosé, Serra Gaúcha, 92 pontos
Estrelas do Brasil – Brut Rosé, Nova Prata, 92 pontos
Casa Valduga – 130 Brut Blanc de Noir 2013, Vale dos Vinhedos, 92 pontos
Casa Valduga – Gran Nature 60 Meses 2011, Vale dos Vinhedos, 92 pontos
Estrelas do Brasil – Nature 2010, Serra Gaúcha, 92 pontos
Geisse – Cave Geisse Blanc de Blancs 2013, Pinto Bandeira, 92 pontos
Hermann – Lírica Crua, Pinheiro Machado, 92 pontos
Pìzzatto – Vertigo Nature 2014, Vale dos Vinhedos, 92 pontos
Pizzatto – Nature 2013, Vale dos Vinhedos, 92 pontos
Vallontano – LH Zanini Extra Brut 2012, Vale dos Vinhedos, 92 pontos
X Decima – Yoo Brut Nature Edição Especial 2013, Serra Gaúcha, 92 pontos
X Decima – Nature Tradicional 2012, Serra Gaúcha, 92 pontos
X Decima – .Yoo Brut Rosé Edição Especial 2014, Nova Prata, 92 pontos
Domno do Brasil – Ponto Nero Moscatel Espumante, Vale dos Vinhedos, 92 pontos
ESTÁ CONFUSO COM AS PALAVRAS?
Você está confuso com a palavras Nature, Brut, Extra Brut, etc? Calma. Elas se referem à classificação do vinho quanto ao teor de açúcar e são bastante relevantes na hora de escolher o espumante. De bandeja, abaixo:
_ Nature – Até 3g/l
_ Extra-Brut – de 3,1g/l a 8g/l
_ Brut – de 8,1g/l a 15g/l
_ Sec ou Seco – de 15,1g a 20g/l
_ Demi-Sec ou Meio Seco ou Meio Doce – de 20,1g/l a 60g/l
_ Doce – acima de 60,1
Newsletter:
© 2010-2025 Todos os direitos reservados - por Ideia74