Os últimos textos postados aqui falam das efemérides do vinho, como o Dia Mundial do Malbec e da temporada outono/inverno que conta com bons programas para enófilos nos próximos meses. Certamente, o leitor observou que esta blogueira que vos escreve gosta de festa e apoia as iniciativas que visam vitaminar o enoturismo brasileiro. Pois bem, hoje prossigo com outra boa notícia: o Dia do Vinho (calma, você já vai entender) ganhou mais duas adesões.
Chegam para participar dessa festa anual as regiões do Vale Central Gaúcho (abarca os municípios de Santa Maria, São João do Polêsine, Itaara e Silveira Martins) e o já famoso Vale do Rio São Francisco, no Nordeste brasileiro. A lei que instituiu o Dia do Vinho no Rio Grande do Sul é de 12 de dezembro de 2003 e até então envolvia apenas a Serra Gaúcha, a Campanha Gaúcha, Porto Alegre e Roteiro de São Roque, no interior paulista.
O projeto é ambicioso, especialmente porque, em matéria de vinho, o Brasil é um infante se comparado a outros países onde a vitivinicultura é tradição arraigada por séculos. O Dia do Vinho, precisamente é o primeiro domingo de junho de cada ano, mas a celebração dura vários dias. Vinícolas, restaurantes, redes hoteleiras e secretarias de turismo se empenham para fomentar o turismo de inverno e dar visibilidade ao produto nacional.
E se você estranhou a presença de São Roque nesta agenda em que prevalecem os vinhos finos, certamente não tem acompanhado o que vem ocorrendo no Sudeste brasileiro. Pois nossos vizinhos foram mordidos pela mosca do profissionalismo e já sabem como atrair e entreter visitantes. Já mencionei aqui o sucesso da Vinícola Guaspari, em Espírito Santo do Pinhal, a Toscana Brasileira, porém outras cidades também vêm se esforçando para aparecer bem na foto.
Em São Roque, embora ainda predominem os vinhos de mesa populares, feitos de uvas não viníferas, há um bom roteiro de passeios para o visitante, que inclui adegas, restaurantes, pousadas e hotéis espalhados por rotas como a Estrada do Vinho, Estrada dos Venâncios e Rodovia Quintino de Lima. E já é tradição por lá, a Festa da Alcachofra, que junta o vinho ao mais vistoso produto agrícola da cidade.
Voltando ao Dia do Vinho, o evento é realizado pelo Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin), pela Secretaria da Agricultura, Pecuária e Irrigação do Rio Grande do Sul e pelo Sindicato Empresarial de Gastronomia e Hotelaria – Região Uva e Vinho. A programação de 2017 vai de 19 de maio a 4 de junho com o tema Duas Semanas Para Celebrar Grandes Momentos. E os organizadores estão otimistas, pois no ano passado, com período mais curto e menos regiões participantes, a festa atraiu 45 mil pessoas em cerca de 300 atividades e com mais de 90% de ocupação na rede hoteleira (a foto de Tatiana Cavagnolli mostra um dos almoços típicos realizados no ano passado). A programação completa ainda não foi divulgada.
Os vinhos puristas da boutique Lidio Carraro
E por falar em vinho brasileiro, quem ainda não conhece os “vinhos puristas” Lidio Carraro tem uma boa oportunidade amanhã (26/04/17), das 18h às 21h, na Excelência Vinhos (Av. Dr. Jesuíno Marcondes Machado, 2031, Chácara da Barra). Eu, pessoalmente, tenho imensa simpatia por essa vinícola, ou boutique de vinhos como também é definida, especialmente pela qualidade dos rótulos, o espírito jovem que inspira a produção e o profundo respeito às características do terroir, no caso o Vale dos Vinhedos, em Bento Gonçalves. E para quem não sabe, é marca oficial dos grandes eventos, Olimpiadas foi o último.
Os vinhos selecionados para a degustação de amanhã, por si, demonstram a versatilidade e a ousadia da marca: Espumante Faces Brut Rosé, Dádivas Chardonnay, Dádivas Pinot Noir (lançamento), Agnus Cabernet Sauvignon, Agnus Malbec, Elos Touriga Nacional/Tannat, Grande Vindima Merlot. São linhas bastantes distintas que apontam para o compromisso de oferecer originalidade aos apreciadores. O corte da casta portuguesa Touriga Nacional com a uva francesa (mais uruguaia agora) Tannat é um exemplo de produto com nome e sobrenome.
Sobre vinhos puristas, selecionei uma fala da enóloga Patrícia Carraro que explica tudo: “A filosofia purista, de mínima intervenção para a máxima expressão natural do vinho, criada pela Lidio Carraro, imprime uma qualidade diferenciada e um estilo próprio em nossos vinhos. Trata-se de um método integrado de gestão vitícola e enológica que prevê o mínimo de interferência e o máximo respeito à expressão natural da uva e do terroir de origem. O projeto inicia com um meticuloso mapeamento dos vinhedos e gestão técnica por parcelas que permite identificar as potencialidades da uva desde o vinhedo e vinificá-las em separado para obter o melhor resultado enológico de cada partida, dispensando correções e o tradicional uso da madeira.” Alguma dúvida? A degustação é gratuita.
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