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Carteirada, uma instituição nacional

por Danilo Leite Fernandes
Publicado em 3 de agosto de 2015

Entrar de graça, dar carteirada, furar fila, se dar bem, passar um rato, penetrar sem ser notado, burlar, enganar pra se dar bem. Tudo isso faz parte da nossa cultura. Ou eu estou mentindo? Ou inventando?

Isso acontece o tempo todo neste país de gente despreparada para o “aguardar”, “esperar sua hora”. No momento de estacionar um carro, o idoso encontra a vaga ocupada pelo ”mais esperto”. Na fila do banco, o cara traz seu filhinho para “não pegar fila”, e no transporte é difícil encontrar o lugar reservado para o idoso “desocupado”. É regra esse péssimo comportamento do brasileiro? Não, mas é verdade que tem muita gente que respeita.

Vamos para os estádios, que futebol é o nosso papo. Vamos, sim, e é bom relembrar ao amigo que neguinho se dá bem furando fila e entrando sem pagar nos estádios pelo país por milhões de maneiras, desde que a bola chegou por aqui. É institucional e a malandragem parte primeiro da “otoridade”. O ingresso de um jogo de futebol passa pela gratuidade de donos de cadeiras cativas, cortesias para federações, autoridades esportivas, patrocinadores, idosos e cadeirantes, e… minorias. E tem o pessoal do “fura”. Da “carteirada”. O cara chega e diz: “ Sabe quem sou eu? E… entra.

Muito bem, mas neste final de semana foi escandaloso. Em dois dias de dois jogos, Fluminense x Grêmio e Flamengo x Santos, assistiram aos jogos no Maracanã 94.709 torcedores. Desse número, 15.118 não pagaram bilhetes, 15,9%. De cada 6 torcedores, 1 não pagou. Como explicar? Num estádio como o Maracanã, campeão mundial de maracutaias num passado bem próximo, a explicação ficou para o parágrafo acima. A administradora do Consórcio Maracanã se apavora e defende o torcedor que paga seu ingresso e que reclama dos preços. Poderia ser mais barato? Sim.

O diretor de Marketing do Consórcio Maracanã Marcelo Frazão explica:” Há uma grande profusão de leis dando benefícios no acesso aos estádios, sejam gratuidades ou meia-entrada, sem o estabelecimento de limites, nem de formas viáveis de controle.

O futebol profissional no Brasil, por sua popularidade e alcance, é alvo de intervenções e de subsídios sem contrapartidas a quem é obrigado a fornecer o benefício. Alguém paga essa conta. Além de clubes e operadores de estádio, principalmente o torcedor honesto que não utiliza carteira de estudante falsa e paga um valor distorcido no ingresso inteiro.

Estamos conversados por hoje. É pra você pensar.

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