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O Exterminador do Futuro: Gênesis – “velho, mas não obsoleto”

por Luiz Andreghetto
Publicado em 9 de julho de 2015

A frase acima, “velho, mas não obsoleto”, repetida algumas vezes por Schwarzenegger, parece refletir que o “novo” O Exterminador do Futuro: Gênesis (2015) seja exatamente isso: um filme preso ao passado, mas ainda não totalmente descartável.

Gênesis reverencia (copiando/citando) seus antecessores, vive desse passado outrora genial da franquia, mas prova que ainda sim pode ter alguma relevância em um futuro habitado por diversos super-heróis fantasiados. Claro que a grande sacada ou, melhor dizendo, o único motivo para se retornar a essa franquia é o personagem do robô T800, figura icônica perpetuada pelo ator, ex-halterofilista, mister universo e ex-governador da Califórnia, Arnold Schwarzenegger. Apenas sua figura é o que justifica um reboot/refilmagem/sequencia dessa franquia iniciada em 1984.

Essa nostalgia pelo filme original, que o roteiro não cansa de verbalizar, ignora completamente o terceiro, A Rebelião das Máquinas (2003), um equívoco mesmo com a presença de Schwarzenegger e o quarto filme A Salvação (2009). O que interessa aqui em Gênesis, como seu próprio nome diz é a (re)criação de um novo início/ponto de partida, utilizando como base O Exterminador do Futuro 2: O Julgamento Final (1992), para as posteriores sequencias que provavelmente virão.

Em 2029, John Connor (um Jason Clarke no piloto automático) é o comandante da rebelião contra as máquinas e descobre que a Skynet enviou um exterminador ao passado para matar sua mãe, Sarah Connor (Emilia Clarke, a Daenerys de Game of Thrones), antes do seu nascimento. John envia o sargento Kyle Reese (Jai Courtney) de volta a 1984 para salvá-la e, ao chegar, descobre que ela já está sendo protegida por um robô T800. Gênesis ainda não é o filme que nos faz saudar com honras essa retomada, que talvez seja mais bem desenvolvida ou trabalhada em filmes posteriores. Da maneira que essa história nos é contada torna-se confusa, apelando para idas e vindas no tempo, sendo necessário desligar-se de qualquer credibilidade narrativa para se concentrar na ação, essa sim vertiginosa desde o seu início. Mesmo que estejamos no terreno da ficção cientifica, não é preciso extrapolar questões mínimas de bom senso na escolha da condução da narrativa e na construção de alguns personagens que se tornam nada críveis dentro da história que se quer contar. Falar mais do que isso é deixar o texto repleto de spoilers, o que não é a intenção.

Infelizmente o diretor James Cameron, que dirigiu a franquia inicial, o primeiro e o segundo filme, aos quais essa nova produção tenta se igualar, perdeu os direitos do Exterminador após uma batalha judicial. Com isso, a franquia perdeu toda sua credibilidade quase sendo enterrada no final dos anos 2000 com o fracassado A Salvação. Talvez com James tudo tivesse sido diferente, mas como não temos como prever o futuro ou voltar ao passado para evitar que isso aconteça, ficamos por aqui tentando, de alguma maneira, entender essa nova proposta e seus inevitáveis desdobramentos em projetos futuros. Sem dúvida que o retorno certo em bilheteria é a grande aposta dos produtores, o que só foi possível com o retorno de Schwarzenegger ao personagem que lhe deu o status de um dos grandes heróis de ação do cinema.

Percebe-se então que, a franquia Exterminador, sem Schwarzenegger, é apenas um filme mediano de ficção em que nada acrescenta aos vários filmes que surgem sobre o tema. Nesse novo Exterminador ele é a força motriz da narrativa e quase o condutor da história, deixando pouco espaço para que os novatos, Emilia Clarke e Jai Courtney, sejam mais do que apenas pequenos alicerces ao redor do T800, um modelo antigo de robô, completamente em desuso, que insiste em dizer que ainda não é obsoleto. Da mesma maneira que Schwarzenegger, do alto de seus 70 anos, nada tem de obsoleto, pelo contrário, continua filmando e dando de dez a zero em muitos garotos que se atrevem a serem astros de filmes de ação.

Veja a programação nos cinemas de Campinas e trailer do filme

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