Claudio Coutinho chamou o volante Chicão um dia antes de Brasil e Argentina, jogo que ficou conhecido como a batalha de Rosário. Era a Copa do Mundo da Argentina de triste lembrança.
Coutinho perguntou a Chicão se ele estava preparado para batalha. Caipira, fala mansa que contrastava com seu jeito duro de jogar, Chicão olhou para o treinador e disse: “Batalha? Então o senhor nunca viu um XV de Pitacicaba e Rio Claro no interior paulista. Isso é batalha”. A frase, dizem, inspirou o treinador na preleção, tirando dele o medo e colocando no lugar o espírito de quem iria “pelear contra los hermanitos”. Deu empate.
Telê Santana chamou o zagueiro Júlio Cesar, então um jovem jogador de força e técnica, para seu quarto na Copa do Mundo do México. E disse, calmo, se ele estava preparado para jogar no lugar do mito Oscar na zaga da seleção. Telê queria mudar o time. Julio Cesar disse a ele. “Foi pra isso que eu vim aqui. Pra jogar”. E jogou a Copa, inspirando um time bom de bola, mas que não levou a Copa. Julio Cesar mandou um penalti na trave na desclassificação do Brasil, mas se firmou como um capitão de prestígio e fala forte. Dono do time quando atuava na Juventus de Turim. Era tão influente que o Corriere de la Sera, o principal jornal esportivo da Itália, o apelidou de O Rei Negro.
Quando Zé Roberto era menino, vendia doces para ajudar a família. Garoto que gostava de bola foi para na base da Lusa. Em seguida foi para o Real Madri. Jogou no Bayer Leverkusen, no Bayern de Munique, no Hamburgo, noi Flamengo, no Santos e no Grêmio. Craque, um dos jogadores mais queridos dos alemães em todos os tempos.
Ninguém joga futebol tanto tempo na Europa, e foram mais de 12 anos, sem superar limites. Zé Roberto depois de um ano brilhante no Grêmio, foi contratado pelo Palmeiras.
Esta semana ele virou notícia depois da preleção do vestiário antes do jogo contra o Grêmio Osasco/Audax. Falou grosso, incendiou o time e a comissão técnica alertando para o passado de conquistas do Palmeiras, e conclamando os jogadores se sentirem como Edmundo, chamado pelos torcedores de Animal, tal sua garra e força dentro de campo.
Por este ato, que é natural dentro do mundo da bola, ele foi aplaudido pelo torcedor que se encheu de orgulho e execrado por parte da imprensa que o chamou de demagogo.
Edmundo chorou no ar na Band quando ouviu parte da preleção de Zé Roberto. Se sentiu homenageado.
Alguns jornalistas o chamaram de pastor evangélico, o que ele na verdade, é. E daí?
Zé Roberto pode ser o que quiser, todos nós podemos. Mas para aqueles que o criticaram, fica a resposta em campo do novo time do Palmeiras. Uma vitória incontestável. Será sempre assim? Não, mas fica a lição. Com um bom planejamento e ações como esta, o que era amargo fica doce, o que era um time se alma, fica a transformação em grupo unido e forte. O suficiente para o torcedor que chorava de vergonha sorrir de alegria.
O Palmeiras voltou. Se vai ser Campeão é outra história, apesar dos mau humorados de plantão. A esses, eu aconselho uma preleção do Zé.
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