Conversa de cidade

Informação geográfica para divulgação e preservação do patrimônio rural

por Mirza Pellicciotta
Publicado em 17 de dezembro de 2012

Por André Luiz dos Santos Furtado (Embrapa Monitoramento por Satélite), Mirza Pellicciotta (Prefeitura Municipal de Campinas) e Marcos Tognon (Instituto de Filosofia, Unicamp)

A integração da preservação do patrimônio com políticas de planejamento espacial do ambiente rural é fundamental para a sustentabilidade destes bens materiais e imateriais. Esta integração tem sido chamada na literatura de “planejamento cultural” e é formalmente reconhecida na Europa por meio de Convenção Europeia da Paisagem. Neste sentido, há uma estreita relação entre gerenciamento do patrimônio cultural e histórico e planejamento espacial em razão da necessidade de assegurar que as alterações na paisagem próximas aos patrimônios protegidos se mantenham sob controle, e que sejam evitados impactos negativos com a possível modernização estrutural.

O projeto “Patrimônio Cultural Rural Paulista: espaço privilegiado para pesquisa, educação e turismo”, financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), originou-se de um debate travado entre representantes de centros de memória empresariais, de organizações sociais de interesse público, de órgãos governamentais de preservação, de três universidades públicas paulistas e de uma federal, acerca da urgência de se preservar o patrimônio rural do Estado de São Paulo.

Em abril de 2008 o projeto foi aprovado na modalidade de políticas públicas pela FAPESP, trazendo consigo 13 instituições parceiras e 11 fazendas participantes (distribuídas em cinco núcleos), num esforço interdisciplinar e interinstitucional que se propunha a identificar, conservar, dar sustentabilidade e valorizar o patrimônio rural paulista. O projeto finalizou sua segunda fase em 2011, apresentando uma variada gama de estudos e produtos, entre eles um vasto acervo iconográfico, cartilhas e manuais técnicos, além de um sistema WebGIS (Sistema de Informação Geográfica on line) com a finalidade de disseminar informações das fazendas históricas parceiras.

O WebGIS foi desenvolvido pela Embrapa Monitoramento por Satélite, unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), e utiliza imagens de alta resolução dos satélites Worldview e Quickbir, obtidas em 2011 e integradas à plataforma Google Satellite, Hybrid, Physical e Streets. O sistema está disponível para livre acesso no site http://geoserver.cnpm.embrapa.br/fazendas/fazendas.html e não tem objetivo comercial. Nele, podem ser visualizadas 16 propriedades rurais situadas em 11 municípios do Estado de São Paulo. O WebGIS foi desenvolvido a partir da tecnologia GeoServer, um projeto  de código aberto. Neste caso, o usuário necessita apenas de um navegador da internet para ter acesso orientado à base de dados e às ferramentas disponibilizadas sem necessidade de compra de softwares específicos ou de estudar sensoriamento remoto.

O WebGIS (http://geoserver.cnpm.embrapa.br/fazendas/fazendas.html) contém um conjunto de ferramentas tais como: PAN, que permite ao usuário navegar no mapa apenas com o mouse; ZOOM para aproximar e afastar; cálculo de medidas de áreas e distâncias e ajuste de transparência, e está disponível nos servidores da Embrapa Monitoramento por Satélite. Apesar da aparente simplicidade da interface, a ferramenta permite agregar e organizar informações e documentos de características heterogêneas e complexas, tornando-as universalmente acessíveis e úteis. De forma concomitante, o sistema criado conta com um significativo conjunto de armazenamento e processamento digital computacional, recursos de energia, assim como de rede, tornando possível a interação do usuário com as informações disponíveis e sua fidelidade.

Este é um passo para o desenvolvimento de instrumentos focados na conservação do patrimônio rural paulista. Bens materiais (acervos, obras, mobiliário, edificações, bens naturais, equipamentos, etc.) e registros imateriais (lugares e espaços de convívio, canções, crenças, celebrações, saberes e modos de fazer) podem ser incluídos no sistema de informação geográfica desenvolvido em uma plataforma on line, o que permitirá ações articuladas de difusão, gestão e aplicação educacional e turística. Paralelamente, os proprietários das fazendas ganham um mecanismo ágil que lhes assegura maior competitividade e mais uma alternativa de entretenimento, quando tratamos do turismo rural.

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