Campinas, na atualidade, é composta por uma malha urbana extensa e complexa, que nas últimas décadas se fez várias vezes multiplicada. Para se ter uma idéia, a cidade ocupava até o ano de 1945 um território de 16 milhões de m²; em 1986, já contava com 129 milhões de m², ganhando forma de uma cidade oito vezes maior, em apenas 40 anos. No interior desta malha urbana, por sua vez, velhos e novos espaços se confundem, tornando-se essencial identificar as marcas desta transformação para podermos compreender a história da cidade.
Antes de mais nada, Campinas reúne na região central, os testemunhos mais significativos dos primeiros cento e cinquenta anos de evolução urbana, razão pela qual se concentra nesta área a maior parte dos bens preservados pelo município. Mas, também no interior dos bairros mais antigos, nós encontramos marcas essenciais da evolução e da história da cidade, ou ainda, nos bairros mais recentes, nós identificamos sinais dos processos que, nos dias de hoje, continuam a transformar e a construir a história da cidade.
Vamos começar nosso passeio pelas marcas históricas de Campinas pelo centro da cidade… Nesta pequena porção, localizada na confluência de uma vasta malha urbana, nós encontramos os testemunhos mais antigos de sua história. Entre eles, a área em que se ergueu, no século XVIII, os primeiros pousos localizados na margem da estrada “dos Goiases”; o cemitério bento do bairro rural do “Mato Grosso de Jundiaí”, ou ainda, os arruamentos que, neste mesmo século, marcaram a criação da Freguesia de Nossa Senhora da Conceição das Campinas do Mato Grosso (1774), origem da Vila de São Carlos (1797) e da cidade de Campinas (1842). De maneira mais específica, o chamado “Centro Velho” corresponde à área do antigo Rocio da Vila de São Carlos, área na qual se concentrou, por mais de cem anos (ou até o final do século XIX), todo o estímulo de desenvolvimento da cidade, configurando-se em seu interior o casario, os arruamentos, as instituições e os espaços públicos do primeiro século de história de Campinas.
Em termos mais abrangentes, a região central é formada também pelas áreas que, no final do século XIX, começaram a nascer nas margens dos trilhos do novo complexo ferroviário (instalado a partir de 1872), e que deram origem aos primeiros bairros de Campinas, localizados nos chamadosarrabaldes da cidade. Neste sentido, entre o final do século XIX e o início do século XX, começava a se formar nas proximidades do atual “centro velho”, os primeiros bairros de migrantes e imigrantes que chegavam à Campinas, atraídos pela implantação de fábricas, de fundições, de cortumes, de atividades de comércio, de estabelecimentos hospitalares e escolares, entre tantos outros, impulsionados pela economia cafeeira. Este processo permaneceu intenso no curso das décadas seguintes, multiplicando-se várias vezes a malha urbana original da cidade.
Ainda, nas áreas que atualmente circundam a região central de Campinas, nós podemos encontrar as marcas da nova cidade que começou a se formar a partir da década de 1930; período no qual Campinas passou a viver transformações profundas nos setores agrícola e industrial. A nova cidade que começava a nascer, tinha como base o desenvolvimento de novos gêneros agrícolas, e em especial, o algodão; produção que levou Campinas a se tornar, entre as décadas de 1930 e 1940, um dos mais importantes centros algodoeiros e no principal centro de tecelagem do Estado de São Paulo. Esta produção de algodão, associada à uma maior diversificação agrícola, atrairiam, ainda, a instalação de novas modalidades de agro-indústria, ao mesmo tempo em que a cidade transformava-se em um novo eixo-industrial do interior do Estado. A partir de década de 1950, este mesmo parque industrial se diversificaria com a implantação da indústria pesada (bens intermediários, de consumo durável e de capital), e na década de 1980, por meio de uma plena integração entre atividades industriais e agrícolas, Campinas passaria a responder por 8,5% do PIB (produto Interno Bruto) Brasileiro, liderando uma vasta região produtiva do Estado.
Por tudo isso, a cidade “recriada” no pós-1930 passava a assumir feições diferentes daquelas desenvolvidas pela economia cafeeira no século XIX, multiplicando-se diversas vezes sua população e malha urbana, ao mesmo tempo em que um número progressivo de novos bairros surgiriam na proximidade dos novos espaços produtivos e em áreas cada vez mais distantes da região central.
Continue acompanhando a coluna, pois iremos passear bastante pela história de Campinas.
Abraços e até a próxima postagem!
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