A cidade de Campinas nasceu nas proximidades de um “pouso de tropeiros” instalado nas margens da “Estrada dos Goiases”, nas primeiras décadas do século XVIII. A estrada, aberta na década de 1720, dependia de pousos ou paragens como esta, para o descanso e abastecimento das tropas de muares que seguiam para as recém descobertas “minas dos Goiáses”.
Na mesma ocasião, o povoamento da área começava a ser estimulado pela distribuição, por parte do Governo da Capitania de São Paulo, de grandes posses de terra (sesmarias), na intenção de gerar atividades produtivas no “sertão”. O “Pouso das Campinas” ou “das Campinas Velhas”, neste caso, foi criado no interior da sesmaria de Antonio da Cunha de Abreu, com o duplo papel de abastecer a estrada e impulsionar uma ocupação mais sistemática na região. Nas suas proximidades começaram a surgir núcleos de povoamento em clareiras – ou “campinhos” – localizados em pontos diferentes da Estrada dos Goiases, e que formaram entre as décadas de 1750 e 1770, o “Bairro Rural do Mato Grosso”, em terras da Vila de Jundiaí. Eram dois os núcleos de povoamento originais: o “das Campinas Velhas” e o “de Santa Cruz”. Um terceiro núcleo surgiria na década de 1770, com a criação oficial da Freguesia de Nossa Senhora das Campinas do Mato Grosso, em um terceiro “campinho”, localizado entre as duas áreas anteriores.
A cidade de Campinas guarda, ainda hoje, pistas e remanescentes deste povoamento, ou ainda, de seu território coberto de matas. Onde encontrá-los?
AS “CAMPINAS VELHAS”
O primeiro “campinho”, área em que se instalou o “Pouso dos Campinhos” ou “Pouso das Campinas Velhas”, achava-se localizado – segundo estudos de Antonio da Costa Santos – entre o atual Viaduto do “Laurão” e o Estádio do Guarani. Em seu entorno, um embrião de povoamento mais conhecido como “bairro das Campinas Velhas”, se compunha de pequenas lavouras e de um incipiente comércio (voltado para a estrada) que hoje se acharia localizado – segundo o historiador José Roberto do Amaral – nas imediações da avenida Moraes Sales. Deste período, a cidade guarda remanescentes do antigo “cemitério bento” do bairro rural, na área da atual Creche Bento Quirino (no Largo de São Benedito), e um conjunto de edificações mais conhecido como Casa Grande e Tulha (1790/1795) que no passado, integrou a “Chácara do Paraíso”. Este bem encontra-se tombado pelo Município e preservado pela família do ex-Prefeito Antonio da Costa Santos.
O segundo “campinho”, localizava-se na região do atual Largo Santa Cruz, área em que também se desenvolveram atividades relacionadas à “Estrada dos Goiases”, como lavouras e pastos, e em que se formou o “bairro de Santa Cruz”, com pequenas casas e uma capela, a capela de Santa Cruz (1822). A capela e anexos recebeu a partir de 1911 a presença de irmãs dominicanas que ali mantém, na atualidade, o Pensionato São Domingos.
Já o terceiro “campinho”, marcado por uma trajetória histórica diferente, se encontraria localizado nas imediações da atual Praça Bento Quirino. Sua ocupação ocorreu em um período posterior, em um momento no qual o “bairro rural“ fazia-se reconhecer como povoado, sendo elevado à condição de “Freguesia de Nossa Senhora da Conceição das Campinas do Mato Grosso”, em 1776.
Na próxima postagem vamos falar sobre o que era uma Freguesia… E assim iremos contando capítulo por capítulo a história da cidade de Campinas.
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