“The Walking Dead” é uma série de TV produzida pelo canal norte-americano AMC. Baseada nas histórias em quadrinhos de Robert Kirkman, sua primeira temporada exibida o ano passado fez um grande sucesso tanto nos EUA quanto aqui no Brasil, transmitida pelo canal FOX. A história mostra poucos sobreviventes e ainda humanos que passam por muitas agruras na tentativa de sobreviverem a um apocalipse zombie. O suspense sempre fica no ar quando os que ainda não se transformaram em zumbi tentam se deslocar de um canto para o outro, seja a procura de comida ou um lugar mais seguro para se esconder. Paralelamente, os mortos-vivos caminham de lá para cá à procura de carne humana sem uma explicativa aparente e apenas pelo instinto atacam ferozmente quando a encontram. Fica a grande pergunta até então não revelada nos seis episódios da primeira temporada da série: “Por que os mortos caminham?”.
Começo esta coluna falando de TV e de mortos que insistem em andar para falar da cultura de Campinas ou “Campinas Walking Dead”. Falo de mais um ano que começa com o Teatro “Castro Mendes” em coma, Teatro do “Centro de Convivência” agonizante – melhor não saber detalhes. Sempre que vem atores destaques da mídia, acontece um discurso de alguém do elenco após o espetáculo narrando a inconformidade com o estado do teatro em todos os aspectos, o que sempre se torna matéria de jornal no dia seguinte. E só. Sem falar que em 2010, enterramos o “Cine Paradiso”, tradicional em Campinas, antes localizado na também tradicional Rua Barão de Jaguara no centro da cidade. Um cinema particular, sim, e um marco cultural da cidade que deveria ter apoio da Prefeitura para que se mantivesse. O que é uma cidade sem cultura? No mesmo ano, na mesma Rua Barão de Jaguara, o “barão” ficou mais pobre perdendo a locadora 100% Vídeo. Os cinemas do centro viraram igrejas e as locadoras estão virando farmácias, já que o mesmo aconteceu com a 100% Vídeo da Avenida Moraes Sales. O diagnostico que eu daria depois de saber que a população esta precisando mais de farmácias e igrejas que fazem promessas aos seus fieis , só poderia ser o de uma cidade que adoece. As locadoras fecham cada vez mais devido a pirataria, mas pode se comprar CDs e DVDs, não só em lojinhas embaixo de certos postos policiais como em toda a sua proximidade e por ambulantes as pencas que te oferecem nas mesas de bares nas calçadas.
Não sou e nem fui petista, mas no governo anterior, o secretário de cultura, Walter Pomar, fazia realmente algo pela cultura da cidade e prestigiava os eventos indo pessoalmente, em todos os tipos de espetáculos, não só em peças de atores da Rede Globo no Centro de Convivência. Um secretário de cultura precisa gostar de cultura e entender do assunto. Vale lembrar que ainda há as companhias e seus espaços teatrais em Barão Geraldo, um distrito de Campinas que praticamente caminha à parte, uma ilha, no bom sentido. Para nos salvar da total morte cultural, recebemos bons espetáculo no SESC porém, o campineiro não tem a mesma identificação cultural com o SESC como o paulistano que frequenta as diversas unidades de lá. Há ainda o “Espaço Cultural da CPFL” e o Teatro do Shopping Dom Pedro. Em várias cidades menores que a nossa existe o teatro do SESI, aqui ainda não está pronto, mas vale lembrar que o campineiro não gosta de parar no centro, ou em bairros, como faz os paulistanos que frequentam casas noturnas e de espetáculos espalhadas por toda a cidade. O campineiro prefere shoppings ou bairros nobres, em maioria preferem espetáculos que envolvem famosos e celebridades. Como campineiro, posso falar com conhecimento de onde vivo. Agora em 14 de janeiro inicia a “26ª. Campanha de Popularização do Teatro de Campinas”, estarei nela a convite de amigos, apenas como ator. Tenho medo, pois na maioria dos títulos das peças, como todos os anos, o que se vê são apenas comédias apelativas e mal produzidas desde o cartaz. É rezar e pagar se quiser ver. Afinal, acredito que há vida além túmulo.
* A coluna: liquidificultura, de Cesar Póvero, nasceu em 2006 em um site parceiro do Cosmo Online e em julho de 2010 trouxe sua coluna para a editoria de cultura do Campinas.com.br
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