Livro lança um novo olhar sobre as origens de Freud e o nascimento da psicanálise

Baseado em extensa pesquisa histórica e documental, incluindo fontes inéditas, o psicanalista André Schüller, que é nascido em Campinas e mora em Jundiaí, está lançando o livro “Como tudo (finalmente) começou” (Editora Appris), em que apresenta uma nova perspectiva sobre o nascimento da psicanálise. Um evento de lançamento está marcado para o dia 18 de outubro de 2025, na Biblioteca Pública Municipal de Jundiaí, às 10h.

A obra investiga o papel decisivo da mãe, do pai e do mentor de Sigmund Freud, respectivamente Amalia Nathansohn, Jacob Freud e Josef Breuer, na formação de seu pensamento e trajetória. Schüller reconstrói o ambiente familiar, social e intelectual que influenciou o jovem Freud e possibilitou o desenvolvimento de sua obra.

A obra entrelaça três biografias e apresenta um panorama sobre os elementos humanos e históricos que contribuíram para o nascimento da psicanálise. Ao destacar como Freud assimilou valores, desejos e visões de mundo dessas figuras, o livro amplia a compreensão sobre o que moldou sua genialidade, sem reduzi-la, mas contextualizando-a. Um dos mitos que Schüller contesta é a imagem de Breuer como coadjuvante. O autor afirma que ele teve papel decisivo tanto na formação intelectual quanto na prática clínica de Freud.

Josef Breuer, médico vienense respeitado e profundo conhecedor do sistema nervoso, foi um dos primeiros a defender publicamente a autorregulação como princípio natural do organismo, ideia que orientava seus estudos sobre o cérebro no fim da década de 1870, justamente quando Freud começava a se aproximar dele. Na visão de Schüller, muitos historiadores não notaram que essa aproximação coincidiu com esse período, ponto que considera crucial para entender sua influência na psicanálise nascente.

“Outro ponto importante do livro toca o casamento dos pais de Freud”, diz Schüller. “Descobri um registro comercial que pode lançar luz sobre os motivos dessa união, em 1855. Com base nesse documento, ganha força a hipótese de que Jacob e Amalia não se conheceram em Viena, como se costuma dizer, mas se reencontraram.” A pesquisa chamou a atenção de especialistas, e Schüller foi convidado a integrar o grupo responsável por uma nova exposição no museu dedicado a Freud, em Příbor, na atual República Tcheca.

Sobre a influência familiar recebida por Freud, Schüller destaca que Amalia teve papel central ao transmitir ao filho um ideal de ambição e projeção cultural. Jacob, por sua vez, aparece como uma figura que ensinava, por gestos e princípios, a importância da adaptação e da firmeza diante das adversidades. “Essas qualidades foram absorvidas e replicadas por Freud ao longo da vida”, afirma o autor, especialista em Teoria Psicanalítica pela PUC-SP.

Curiosidade: o livro ainda traz para o centro do debate o importante ramo materno da família Freud, pouco conhecido e fundamental aos olhos do autor para se compreender o desejo de conquista inerente à personalidade do famoso psicanalista. Além disso, Schüller explica o que Freud aprendeu e aperfeiçoou na interação de 15 anos com Breuer, gera uma versão para o rompimento dessa amizade que difere da que foi popularizada, contesta a ideia de que a catarse controlada clinicamente tenha surgido por sorte ou acaso e lança mão de registros – como certidões, cartas, recortes e dados de censos — para envolver o leitor e ilustrar uma pesquisa que pretende fomentar outras.

André Schüller é psicanalista formado pelo Instituto Sedes Sapientiae/SP (departamento Formação em Psicanálise), psicólogo na cidade de Jundiaí/SP e especialista em Teoria Psicanalítica (COGEAE–PUC/SP). Atua há 12 anos na clínica e tem como foco de pesquisa os dilemas presentes na historiografia ligada a Sigmund Freud.

Serviço:

Lançamento do livro “Como tudo (finalmente) começou” (Editora Appris) – autor André Schüller
Local: Biblioteca Pública Municipal “Professor Nelson Foot” (Complexo Educacional e Cultural Argos). Av. Dr. Cavalcanti, 396, Centro – Jundiaí
Data e horário: dia 18 de outubro de 2025, das 10h às 12h
Disponível para venda no link

Foto no alto – crédito: Rogério Azarias / divulgação