Campinas é um lugar agradável e acolhedor, embora a desigualdade social esteja presente. Esta é a percepção da população que vive na terceira cidade mais populosa do estado de São Paulo, de acordo com a pesquisa “Vozes Campineiras”, da Fundação FEAC, divulgada durante o encontro “Territórios em Movimento por cidades prósperas para todos”, realizado nesta quarta-feira, 8 de outubro de 2025, no Expo Dom Pedro.
O levantamento inédito realizado pela Quaest Pesquisa e Consultoria mostrou que 90% da população considera Campinas uma boa cidade para se viver e 75% sente orgulho por nela residir. No entanto, 65% dos moradores reconhecem que há desigualdade social. Com entrevistas realizadas entre 11 e 16 de setembro, com moradores de todas as regiões, a pesquisa traz as percepções subjetivas em áreas como saúde, segurança, cultura, mobilidade, habitação e pertencimento comunitário e mostra como o cidadão vive e enxerga a cidade.
O Índice de Percepção de Prosperidade, que mede a vitalidade econômica e esperanças para o futuro, é de 7,3. A prosperidade é associada a emprego, especialmente por pessoas brancas e homens. Pessoas negras e mulheres associam prosperidade à saúde de qualidade.
No mesmo patamar ficou o Índice de Pertencimento e Confiança, que mede uma segunda dimensão da saúde social em sua comunidade: 7,8. Já o Índice de Acesso a Serviços alcançou 5,9.
O estudo mostrou também que 89% dos moradores acham que a metrópole é um bom lugar para ricos, 70% a consideram favorável para famílias com crianças e 58% para idosos, mas ela não tão acolhedora para PcDs e pessoas pobres.
Esmiuçando os problemas
A pesquisa “Vozes Campineiras” identificou também que a saúde pública é o serviço de acesso mais difícil na cidade, seguido por lazer, cultura e transporte. Para 43% dos entrevistados, a maior dificuldade é ser atendido em hospitais e postos de saúde. Apenas 27% consideram esta jornada fácil. Ainda no quesito saúde, a principal demanda da população é que haja mais médicos, que os hospitais e Unidades de Pronto-Atendimento (UPAs) sejam melhorados, e que as pessoas tenham acesso facilitado a tratamentos e remédios.
Quando o tema é moradia, 8 em cada 10 campineiros consideram Campinas uma cidade muito cara para se viver, sendo o preço dos imóveis e a falta de apoio do governo os principais problemas. Para 82% dos moradores, os bairros têm estruturas bem diferentes, sendo o Cambuí citado como aquele com melhor estrutura. As pessoas que vivem nas regiões Noroeste, Centro-Oeste e Sudeste são quem mais destacaram a desigualdade entre os bairros.
A mobilidade urbana teve uma avaliação positiva ou média para 71% dos moradores, enquanto a manutenção das vias foi tida como negativa por 55%. O carro é o principal meio de deslocamento (43%), seguido pelo ônibus (33%), que tem o valor da passagem avaliado como alto por 73% das pessoas. O transporte é considerado também o principal empecilho para o lazer. Nas periferias, a sensação de abandono predominou uma vez que o Centro é percebido por 81% dos moradores como a área com mais ações culturais. Ainda assim, 74% dos campineiros gostam muito do seu bairro e apenas 5% não gostam. A violência apareceu como o principal problema dos bairros (29%) seguido pela saúde precária (11%).
Problemas associados à desigualdade
O maior problema associado à pobreza e à desigualdade em Campinas é a falta de oportunidade de emprego (48%), seguida pela desigualdade entre os bairros (25%). Entre as consequências deste cenário, o aumento da população em situação de rua foi o mais perceptível. Para 60% da população, a solução da desigualdade deve vir de mais oportunidades de emprego e da oferta de programas de assistência social.
Quando se fala de empregabilidade, a pesquisa mostrou que a falta de oportunidade para jovens aparece em primeiro lugar, com 24%, e a falta de qualificação a seguir, com 12%.
No quesito educação pública, a percepção de 55% da população é de que a cidade não tem creches suficientes, sendo a falta de professores o principal gargalo. E em relação à segurança, apenas 20% se sentem muito seguras na cidade, enquanto nos bairros, essa sensação sobe para 41%. O consumo e o tráfico de drogas aparecem como o principal problema, sendo o aumento do policiamento e o combate ao tráfico apontados como medidas essenciais para melhorar a segurança.
Outro dado que chamou a atenção na pesquisa “Vozes Campineiras” é que a vizinhança é considerada a principal rede de apoio, uma vez que 85% confiam nos seus vizinhos, número bem acima da média nacional, que é de 52%. As Organizações da Sociedade Civil (OSCs) surgem na sequência. A igreja também tem papel primordial, aparecendo como o ponto de apoio mais efetivo quando as pessoas precisam de alguma ajuda ou apoio.
Foco em agenda propositiva
Assim como o encontro “Territórios em Movimento por cidades prósperas para todos” nasce por uma iniciativa da Fundação FEAC com o objetivo de se tornar um dos mais importantes movimentos do terceiro setor, dando vez e voz à população, a divulgação da pesquisa “Vozes Campineiras” deve ser o ponto de partida para uma agenda propositiva, conectando poder público, empresas, terceiro setor, universidades e sociedade civil.
“Os dados poderão servir para orientar políticas públicas e projetos sociais voltados para a redução das desigualdades e a promoção da prosperidade em Campinas”, ressalta Graziele Silotto, gerente de Pesquisas da Quaest.
José Roberto Dalbem, superintendente geral da Fundação FEAC, afirma que a proposta é tornar esse movimento uma força coletiva em torno de um mesmo propósito. “Além de enxergar melhor os problemas, com dados e informações da pesquisa que é quantitativa, mas também qualitativa, a iniciativa nos impulsiona a dar as mãos e buscar soluções. Juntos, podemos construir uma cidade mais justa e próspera para todos”, completa.
Sobre a Fundação FEAC
A Fundação FEAC é uma organização independente localizada em Campinas, dedicada a criar uma sociedade mais justa e sustentável. Focada em educação, assistência social e promoção humana, a FEAC investe em projetos próprios e em parcerias com outras organizações para apoiar regiões e populações vulneráveis, especialmente crianças e adolescentes. Financiada por recursos próprios e parcerias institucionais, a Fundação é gerida por um Conselho Curador e uma Diretoria Executiva, com uma equipe técnica especializada em suas áreas programáticas. Para mais informações acesse: feac.org.br.
Sobre a Quaest
A Quaest é uma empresa de inteligência de dados que combina rigor científico e tecnologia de ponta para transformar informações em decisões estratégicas. Fundada por especialistas em metodologia de pesquisa e análise de redes sociais, atua para decifrar comportamentos, compreender contextos e gerar insights capazes de orientar organizações em seus desafios mais complexos.
Sua missão é produzir dados e análises que qualifiquem o debate público e apoiem a tomada de decisões estratégicas — sempre com inovação e impacto real para a sociedade e para seus clientes.
Fonte: assessoria de imprensa Fundação FEAC
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