Os Geraldos fazem temporada gratuita do espetáculo “Ubu Rei – Um Delírio Musical”

Foto – Crédito: João TK

O grupo Os Geraldos  começa a temporada de seu espetáculo “Ubu Rei – Um Delírio Musical”, com sessões em Campinas, no Teatro de Arte e Ofício (TAO), de 16 de maio até 7 de junho de 2025.

Na primeira semana, excepcionalmente, as sessões serão na sexta, dia 16, e no sábado, dia 17 às 20h, e no domingo, dia 18, às 19h.

Após a primeira semana, os espetáculos ocorrem às quintas, sextas e sábados, sempre às 20h. Os ingressos são gratuitos e a retirada será presencial no teatro a partir das 19h.

A temporada marca uma realização pouco comum fora do eixo Rio-São Paulo: manter em cartaz, por um mês inteiro, um espetáculo de grande porte, com elenco de 14 atores e mais de 30 profissionais envolvidos, em uma cidade do interior. A iniciativa reforça o papel do TAO e do grupo “Os Geraldos” na consolidação de uma cena teatral descentralizada, contribuindo para ampliar o acesso à produção artística de qualidade em outras regiões do estado.

Estreado em 2022, entre o primeiro e o segundo turno das eleições presidenciais, “Ubu Rei” rapidamente se destacou como um grito necessário em tempos de polarização e retrocesso. No ano seguinte, realizou uma consagrada temporada no Teatro Anchieta (Sesc Consolação), um dos palcos mais importantes de São Paulo, com ingressos esgotados em todas as 21 sessões. Depois, seguiu para o litoral e interior paulista, sendo visto por mais de 8 mil pessoas. Em uma de suas últimas apresentações, no Teatro do Sesc Santos, foi assistido por um público de cerca de 700 pessoas.

Com tradução de Bárbara e Gregório Duvivier e adaptação do grupo e do diretor Gabriel Villela, o espetáculo revisita esse clássico do teatro ocidental — marco de ruptura e transgressão no final do século XIX — para tratar com humor ácido, inteligência estética e potência popular dos absurdos do presente.

Considerado por dadaístas e surrealistas como precursor desses movimentos, assim como do teatro do absurdo e da performance, Alfred Jarry oferece o material dramático exato de que Villela e Os Geraldos precisam para responder, com beleza e irreverência, ao momento histórico de caretice, autoritarismo e vulgaridade que ainda paira sobre o mundo.

Não se trata de uma crítica datada: embora tenha sido montado em um contexto de tensão política no Brasil, o espetáculo permanece atual diante de lideranças globais como Trump, Giorgia Meloni e Javier Milei, cujas políticas conservadoras e discursos autoritários apontam para um cenário de retrocessos generalizados. A peça propõe, assim, a ruptura — pela arte, pela sátira, pela inteligência coletiva.

No palco, Pai e Mãe Ubu formam um casal entregue à barbárie. Eles invadem a Polônia e, ao assassinar o rei, instauram um regime de tirania grotesca. A estética de Gabriel Villela transforma esse universo em um verdadeiro carnaval do absurdo: o cenário e os figurinos evocam um cabaré kitsch, com referências ao programa do Chacrinha e uma mistura de elementos do Japão, da África, do brega e da decadência. O delírio tropical é completado por 18 canções executadas ao vivo pelo elenco, sob direção musical de Everton Gennari (com Babaya Morais), ao piano — com direito até a uma homenagem à Miriam Batucada com caixas de fósforo.

As músicas, que vão de Geraldo Vandré a Raul Seixas e Inezita Barroso, atravessam o cancioneiro brasileiro e latino-americano, e funcionam como prólogos, pontes e respiros entre as cenas, alimentando o caráter político e carnavalesco da montagem.

Sobre Os Geraldos

Com 16 anos de trajetória em Campinas (SP), Os Geraldos desenvolvem três frentes de atuação artística – Criação, Formação e Territórios Culturais – articuladas de forma contínua, com impacto local e internacional. O grupo já circulou por mais de 100 cidades brasileiras, de 14 estados, e por 10 países, realizando apresentações, oficinas e residências artísticas. Foi indicado ao Prêmio Governador do Estado em 2017 na categoria Territórios Culturais, e conta com 44 prêmios em festivais nacionais e internacionais.

Serviço:

“Ubu Rei – Um Delírio Musical”
Local: Teatro de Arte e Ofício (TAO). Rua Conselheiro Antônio Prado, 529, Vila Nova – Campinas
Retirada de ingressos gratuitos na bilheteria a partir das 19h