
Foto: obra “Cabeça D’Água”, de Adriano Amaral. Crédito: Estúdio em Obra/divulgação
O 38º Panorama da Arte Brasileira: Mil Graus, realizado pelo Museu de Arte Moderna de São Paulo, é atração no Sesc Campinas, em um novo espaço da unidade, desde 25 de abril de 2025, e fica em cartaz até 31 de agosto. A entrada é gratuita e as visitas podem ser feitas de terça a sexta, das 9h30 às 21h30, e aos fins de semana, das 10h às 18h.
A mostra reúne obras de 22 artistas que integraram a edição bienal do Panorama no MAM, sendo repensada para o espaço do Galpão do Sesc Campinas. Com uma grande amplitude geracional e artistas de diversos lugares do Brasil, a exposição reúne obras em diferentes mídias que, em comum, compartilham um elevado índice energético e abordam, por múltiplas perspectivas, processos de transformação.
A itinerância ocorre por meio da parceria institucional entre o MAM e o Sesc São Paulo, consolidando-se como uma estratégia para ampliar o alcance da exposição e possibilitar que novos públicos tenham acesso às discussões propostas pelos curadores Germano Dushá, Thiago de Paula Souza e Ariana Nuala.
Mil Graus
A proposta curatorial do 38º Panorama da Arte Brasileira é elaborar criticamente a realidade atual do Brasil sob a noção de calor-limite — conceito que alude a uma temperatura em que tudo derrete, desmancha e se transforma. O projeto busca traçar um horizonte multidimensional da produção artística contemporânea brasileira, estabelecendo pontos de contato e contraste entre diversas pesquisas e práticas que, em comum, compartilham uma alta intensidade energética.
A pesquisa foi norteada por cinco eixos temáticos: Ecologia Geral, Territórios Originários, Chumbo Tropical, Corpo-Aparelhagem e Transes e Travessias. Os eixos não funcionam como núcleos ou segmentos da exposição, mas sim como fios condutores que instigam reflexões e leituras, traçando possíveis relações entre os trabalhos a partir dessas perspectivas.

Foto: obra “Energia”, de Advânio Lessa. Crédito: Campinas.com.br
Em Ecologia Geral, são destacadas noções ecológicas e práticas ambientais ampliadas, orientadas por uma visão de interconectividade total. Já em Territórios Originários, estão narrativas e vivências de povos originários, quilombolas e outros modos de vida fora da matriz uniformizante do capital, capazes de refletir visões alternativas sobre a invenção e a atual conjuntura do Brasil. Chumbo Tropical, por sua vez, trará leituras críticas que subvertem imaginários e representações do Brasil, colocando em xeque aspectos centrais da identidade nacional.
Corpo-Aparelhagem é a linha que busca evidenciar intervenções experimentais e reflexões sobre a contínua transmutação corpórea dos seres e das coisas, com seus hibridismos e suas inter-relações, enquanto Transes e Travessias aborda conhecimentos transcendentais, práticas espirituais e experiências extáticas que canalizam os mistérios vitais.
A mostra foi pensada de acordo com o espaço, atenta às suas qualidades físicas e buscando uma espécie de simbiose, para que as obras possam integrar-se ao ambiente. A equipe explica que “o projeto cria uma experiência imersiva e coesa, com instalações e mobiliários repensados especificamente para o campo expositivo, além de uma nova obra site-specific: um grande painel de Paulo Nimer Pjota, pintado diretamente na parede do espaço. Algumas das obras de maior escala e que envolvem experimentações com novas tecnologias — que marcaram a mostra original — também estarão presentes, como Cabeça d’água, de Adriano Amaral, e Baile do terror, de Gabriel Massan.”
Artistas
Para a itinerância, foram selecionadas obras de 22 artistas e coletivos dos 34 que participaram da exposição exibida entre outubro de 2024 e janeiro de 2025. São obras que apresentam pesquisas ligadas a questões ecológicas, históricas, sociopolíticas, tecnológicas e espirituais, utilizando tanto tecnologia avançada quanto materiais orgânicos, como o barro.
Projetos especiais
A proposta da curadoria do 38º Panorama da Arte Brasileira envolveu uma série de projetos especiais, desdobramentos da concepção de Mil Graus em diferentes plataformas e linguagens.
Composta por obras digitais e representações tridimensionais de criações físicas de alguns dos artistas participantes, a instalação reúne vídeos, objetos 3D e sons, formando um espaço de interação. Os visitantes podem navegar livremente, explorando novos imaginários e conexões que questionam as convenções tradicionais de produção e interpretação de imagens no campo artístico. A proposta também reflete o dinamismo e a criatividade cibernética do Brasil contemporâneo.
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