Esportes

Cassinos não poderão mais patrocinar a Premier League? Entenda a decisão

4 de abril de 2025

A Premier League, considerada uma das competições mais prestigiadas do futebol mundial, está prestes a adotar uma das mudanças regulatórias mais impactantes de sua história recente. A partir da temporada 2026/27, os clubes retirarão seus contratos de patrocínio principal com cassinos. A decisão, tomada em consenso pelos times da elite inglesa, marca uma virada importante na relação entre o esporte e o setor de cassino e apostas.

Atualmente, segundo a Investigate Europe, 11 dos 20 clubes da Premier League mantêm acordos de patrocínio principal com marcas de apostas, o que evidencia a profunda dependência econômica do setor. Só na temporada 2024/25, estima-se que os patrocínios ligados às casas de aposta movimentaram cerca de 104 milhões de libras – uma cifra essencial, especialmente para clubes com menos recursos financeiros, que utilizam essa
receita para equilibrar suas contas e atender às exigências das Regras de Lucro e Sustentabilidade (PSR) da liga.

A decisão de banir os patrocínios principais de apostas não surgiu do nada. Nos últimos anos, cresceu o debate no Reino Unido sobre os impactos da exposição ao jogo, especialmente entre os jovens. A preocupação com o aumento da normalização do hábito de apostar e com os potenciais danos sociais provocou uma reação em cadeia que chegou ao topo da pirâmide do futebol.

A mudança também deverá impactar os clubes que subirem da Championship para a Premier League. A English Football League (EFL), que administra as divisões inferiores do futebol inglês, possui um contrato de patrocínio com a Sky Bet, beneficiando 72 clubes. Se algum deles conseguir o acesso à elite, será obrigado a revisar ou encerrar o contrato com a patrocinadora, caso a marca de apostas figure como principal.

Essa mudança é uma possível preocupação para as bets, já que, segundo dados de um cassino brasileiro, a liga inglesa foi o segundo campeonato de futebol mais popular entre os apostadores, com 39,54% dos jogadores ativos na bet. Ficou atrás apenas do Brasileirão Série A, líder com 65,93% dos usuários, e à frente da Copa Libertadores (37,67%).

Esse dado comprova que a Premier League não é apenas uma vitrine para marcas e talentos, mas também uma peça-chave na indústria global de apostas – tanto pela sua audiência internacional quanto pela regularidade dos jogos e competitividade técnica.

A situação exige um planejamento mais estratégico por parte desses clubes, que precisam preparar-se para a eventual perda de receita em um momento crucial de crescimento esportivo e financeiro. Setores como tecnologia, saúde, sustentabilidade, entretenimento e educação podem despontar como caminhos viáveis. Embora a perda financeira seja relevante, essa transição pode abrir portas para parcerias mais alinhadas a valores sociais e à imagem institucional dos clubes.

No curto prazo, a medida representa um desafio para a liga. No entanto, também pode estimular a adoção de regulamentações mais claras e estruturadas no setor de apostas esportivas. Assim como vem sendo observado no Brasil, onde há avanços em transparência e divulgação de informações sobre o mercado de iGaming e o funcionamento dos jogos, novas formas de relacionamento entre o esporte e o setor de apostas podem surgir. A proposta é que essas futuras parcerias sejam mais equilibradas e evitem impactos negativos sobre o público, especialmente os mais jovens.

Foto de Terrace Grain na Unsplash / banco de imagens

Compartilhe

Newsletter:

© 2010-2025 Todos os direitos reservados - por Ideia74