Quando falamos sobre vinho, estamos nos referindo a anos e anos de histórias, características climáticas, tipos de uvas, tipos de vinificação, análise sensorial entre tantas outras coisas. É aí que entram as escolas, seja de enologia ou sommelier, que tem por objetivo compilar essa avalanche de informações, orientar e formar profissionais que irão atuar no mercado, ou pessoas que buscam aprimorar seus conhecimentos nesse universo maravilhoso.
Mas, algo vem chamando minha atenção nos últimos tempos. Tenho notado que um dos principais papéis da escola vem sendo deixado de lado, ou seja a formação de cidadãos que tenham a mente aberta, que busquem desbravar os caminhos inexploráveis do conhecimento, críticos imparciais que não sejam julgadores e principalmente pessoas que respeitem a diversidade.
Eu sei que muitos que estão lendo até aqui o texto podem estar me julgando, afinal de contas isso parece ser um tanto quanto antiético, afinal de contas também sou professor e posso cometer os mesmos deslizes, mas o fato é, não podemos seguir formando pessoas que saem apontando o dedo e tacando pedra em tudo que vê.
O papel do especialista de vinhos é ser imparcial nas suas análises, sabendo entender e respeitar aquilo que está na taça, mas o que vemos são pessoas formadas, atuando no mercado ou em formação colocando os seus gostos pessoais na frente de tudo, isso é inadmissível.
Os mestres que dedicam seu tempo a arte de ensinar precisam fazer uma autoanálise para entender se não estamos influenciando isso e o quanto essa atitude pode ser prejudicial para as próximas gerações, já que são essas pessoas que vão propagar essa cultura magistral do vinho.
Devemos entender que o vinho é uma ciência que não precisa ser necessariamente exata e que a diversidade coloca ele ao alcance de todos os tipos de paladares e bolsos. Cabe a nós ter a sensibilidade para entender isso, afinal ninguém deve ser crucificado só porque falou que tomou um vinho de baixa complexidade e mais barato. Um pré-julgamento pode criar barreiras em quem está iniciando no mundo dos vinhos.
O Brasil conta hoje com várias instituições de ensino que possuem suas diferenças em termos de metodologia acadêmica, mas que trazem conteúdos riquíssimos e talvez seja a hora de analisarmos se não precisamos incluir nas ementas uma aula sobre respeito, sobre humildade, sobre simplicidade e porque não sobre cidadania enológica.
Newsletter:
© 2010-2025 Todos os direitos reservados - por Ideia74