Pensar Psicanalítico

O que é o Pensar Psicanalítico… – Na vida, no mundo, no consultório e aqui, neste blog

por Vagner Couto
Publicado em 29 de outubro de 2022

 

Aprender a pensar é um fundamento básico na Psicanálise e na vida espiritual, e não se refere a uma função ou dimensão meramente cognitiva. Isso fala do desenvolvimento de um espaço de autoria onde o psiquismo – o eu, o próprio ser, o self, a consciência – aprende a prestar atenção, a se centrar e a olhar e a perceber a si mesmo e à vida através de um acurado e aprofundado processo reflexivo e de autopercepção.

O eu, nesse processo, utiliza o seu pensar, o seu intelecto, o seu examinar, pra desenvolver uma melhor consciência de si mesmo, melhorar seu entendimento espiritual e sua noção de realidade, tendo, assim, melhores condições pra transformar o que precisar e quiser transformar em sua vida.

Particularmente num momento histórico como o nosso, a capacidade de pensar bem, de discernir, de avaliar profundamente o que realmente está em jogo – sejam princípios, sejam valores (quais? e seu contexto…) – indo além da superfície do noticiário, é um recurso de importância fundamental pra que cada um possa escolher bem o que acredita ser o melhor pra si.

Utilizando seu pensar pra elaborar recursos pra lidar com suas frustrações e desejos através da capacidade simbólica – indo muito além da projeção, da transferência e da fantasia como forma de se perceber ou se posicionar no mundo, ou perante pessoas com quem convive, a pessoa, o eu, cria, com isso, mais condições pra acertar e viver em paz.

A capacidade de pensar depende, também, de se poder admitir o descompasso da existência de uma dose de frustração, ou desencanto, pelo fato de a vida não ser, ainda, a ideal ou perfeita, quando se pode perceber que o nascer, o crescer e o viver são mesmo experiências dolorosas, na sua essência – mas que permitem, também, as suas alegrias e satisfações.

Assim também é o processo analítico – que é o mesmo do de autoconhecimento e de espiritualização: doloroso, às vezes, na medida em que nos coloca numa posição de consciência de nós mesmos, nos mostrando o que precisamos melhorar, mas é libertador, quando acontece de elaborarmos essa liberdade no processo de assumirmos e validarmos quem e como realmente somos.

E é por isso que o processo de conhecer a nós mesmos nos permite maior flexibilidade diante da vida, desfazendo nós e angústias que, com a manutenção da ignorância, nos paralisariam e nos aprisionariam, nos colocando, desta forma, no rumo e no prumo do melhor que queremos pra nós e que nos faça mais sentido.

O blog

O Pensar Psicanalítico é um exercício que comecei com pequenos textos de teor psicanalítico publicados em flyers no Facebook, Instagram e LinkedIn.

Esse exercício repercutiu, tocou, alcançou sensibilidades, e agora se amplia como blog neste portal como a minha nova incursão autoral na seara psicanalítica – uma incursão híbrida, mixada, em que se  reúnem o psicanalista, o escritor, o poeta, o jardineiro, o espiritualista, o caminhante, o navegante, o escalador, o escutador, o elaborador, o trabalhador e o pensador dessas coisas todas que pulsam.

Como sempre, eu, um mineiro observador e amante do veio precioso das coisas que residem no âmago de cada ser humano, da vida e do mundo. Um investigador das essências do que é e do que nos acontece – um garimpeiro de sentidos. Mas não só os sentidos nascidos da teoria psicanalítica, do reduto científico das elaborações freudiana e dos seus continuadores, mas os sentidos da vida que pulsam nos acontecimentos humanos e em cada pensamento e sentimento revelados em nossa sina existencial planetária.

De novo, pra mim, nessa história, é só o olhar psicanalítico, mesmo, o pensar psicanalítico mais bem formado e especializado – de alguma forma já presente em atividades e ações de cultura, comunicação e educação em outros tempos da minha vida, agora ainda mais em mim impregnado por conta da profissão de fé e de compreensão que já há algum tempo abracei: a Psicanálise.

É por aqui que vou – e que vamos, pensando nossa vida, nosso mundo e nosso tempo. Por isso tudo, esse pensar psicanalítico também pode ser uma construção a dois, como terapeuta e paciente, apoiado e sustentado.

Nesse movimento todo, minha gratidão a todos do portal que me abriram essa possibilidade – em especial à Luciana de Almeida, que o idealizou, e à Sara Silva, diretora de conteúdo e delicada pessoa que me fez o honroso convite.

Como lidar com tudo isso? Psicanálise, terapia, autoconhecimento – algo assim.

Para falar com o autor ou para enviar seu comentário sobre esse texto, use: 19 99760 0201 [zap] ou vagnercouto1@gmail.com

 VAGNER COUTO, psicanalista, realiza seu trabalho terapêutico tendo por base uma profunda escuta empática alinhada com o uso da palavra sincera. Não ortodoxo ou sectário, tem um olhar pluralista em sua prática clínica. Assessor acadêmico do CEFAS, Escola de Psicanálise, criou e coordenou a realização de mais de 100 eventos psicanalíticos e de saúde mental junto às principais instituições da área no país. Já trabalhou com pessoas como José Ângelo Gaiarsa, Marta Suplicy, Rubem Alves, Vera Lamanno e Roosevelt Cassorla. Tem profunda vivência em práticas holísticas de saúde mental em instituições como Brahma Kumaris e Fundação Peirópolis. Tem 27 anos de experiência como conselheiro em instituição dedicada ao autoconhecimento e à espiritualidade. Poeta e escritor, é autor dos livros “Admirável momento novo” e “A estrela da manhã”.   Jardineiro, ama plantar árvores e cuidar delas.

 

 

 

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