(*) Por Sandra Racy
No decorrer de 2012, ouvimos relatos que ficar em casa por conta da pandemia mudou hábitos de consumo e comportamento das pessoas, e muitos foram até desenvolvidos. O café não ficou de fora deste novo contexto, visto que houve aumento do seu consumo, desenvolvimento de novas marcas, apreciação de cafés gourmets e especiais e ainda o interesse do público no chamado turismo rural do café.
Pensando nisso, o Instituto Axxus realizou uma pesquisa com o objetivo de identificar mudanças nos hábitos de compra e de consumo de café ao longo da pandemia de Covid-19. O resultado somente corrobora o que se pode ouvir nas cafeterias, em família, nas empresas e nas roda de amigos: que o consumo da bebida ajuda no dia a dia do brasileiro.
Segundo o estudo, 72% dos entrevistados declararam que a bebida aliviou os momentos de superação da pandemia, o que foi uma novidade para os brasileiros de como deveríamos nos comportar no “ficar me casa”, trabalhar em “home office”, dentre outras tantas alterações na rotina.
Para Sergio Parreira Pereira, pesquisador do Instituto Agronômico de Campinas (IAC), ligado à Secretara de Agricultura do estado de São Paulo, com o resultado da pesquisa foi possível ver que a pandemia causou novos hábitos e preferências de consumo. Para Pereira, que foi um dos condutores da pesquisa, os dados coletados são muito importantes para dar um norte a toda cadeia de café.
Mais sobre a pesquisa
A pesquisa entrevistou 4.200 pessoas e 30% informaram que consomem mais de seis xícaras por dia, 45% entre três e cinco xícaras, 10% até duas xícaras e 12% apenas uma. “Durante a pandemia, os consumidores que passaram a consumir mais café declararam que o isolamento social e a permanência em casa por mais tempo aumentou o desejo por consumo de café”, comentou o pesquisador.
De 2019 para 2021, houve aumento no consumo em todos os horários do dia: 98% dos participantes responderam que tomam café ao acordar, 89% durante a manhã, 79% depois do almoço, 64% durante a tarde e ainda 38% à noite.
Ainda sobre resultados, os dados mostram que os que gostam da bebida, de 2019 para 2021, houve um aumento de 21% para 23%. Já entre os que gostam muito, o aumento foi de 53% para 56%. “Em 24 meses, tivemos um aumento muito significante de forma positiva nas pessoas que gostam da bebida”, diz o Sergio Parreira Pereira.
Das 4.200 pessoas entrevistadas, 2.310 eram mulheres (55%) e 1.890 homens (45%). Do total, 21% têm até 14 anos; 16% entre 15 e 24 anos; 24% entre 25 e 39 anos; 20% entre 40 e 54 anos; 13% entre 55 e 69 anos; e 6% acima de 70 anos.
Em relação a hora da compra nos mercados, o consumidor tem levado em consideração os preços, promoções e ofertas em 2021: 21% responderam que compram a mais barata, enquanto em 2019 eram 7%. Aqueles que compram a marca que preferem, independentemente do preço, eram 26% e, agora, são 12%, o que mostra sensibilidade acentuada em relação a valor, considerando a situação econômica que se instalou devido a pandemia para o consumidor final.
Comportamento do consumidor: lugares e motivações para tomar café
No que se refere ao comportamento do consumidor, a pesquisa mostrou como a pandemia e o “ficar em casa”, mudou as motivações das pessoas ao tomarem café. No ano de 2019, 42% julgaram o momento como uma oportunidade de interação com outras pessoas. Em 2021, apenas 3% responderam a mesma alternativa. Para o pesquisador, isso é consequência de como a pandemia afetou a maneira do consumo. “Vendo por outro lado, aumentou de 2% para 37%, um ‘momento de pausa e reflexão’ no dia dos entrevistados como a razão para tomar café”, diz Pereira.
A mudança da forma e local também aparece em resultados que foram afetados de forma quase que radical pelo isolamento social, visto que em 2019, a ordem era no trabalho, em casa, cafeterias, bares e restaurantes; e na casa de parentes e amigos. Com a pandemia, o local mais respondido em 2021 foi em casa, seguido de casa de parentes, trabalho e cafeterias.
Métodos de preparo do café
O isolamento social, aliado ao fechamento temporário das cafeterias, bares e restaurantes, bem como o receio das pessoas em frequentar lugares públicos, os modos de preparo da bebida utilizados fora de casa caíram, como o espresso de máquina, que registrou queda de 45% para 9%, sendo assim o comportamento do público na forma do preparo dentro de casa cresceu, como a cafeteira elétrica com coador de papel, com alta de 26% para 42%.
Turismo de café
Um dos dados mais interessantes em relação a tudo que se refere a comportamento do consumidor/público é que em 2019, 87% dos entrevistados gostariam de visitar, conhecer e se hospedar em uma fazenda cafeeira. Em 2021, esse índice aumentou 4%, totalizando 91%. Entre os que não se interessam, a queda foi de 7% para 6%. Outros 3% não souberam responder.
Isso pode também ser percebido em Campinas e região, que vê o turismo do café em passeios de um dia aumentarem consideravelmente, bem como pousadas e fazendas que oferecem passeios onde o turista pode ter acesso a parte da cadeia do café e ainda workshop de métodos de preparo da bebida.
Fonte: Pesquisa Axxus / Abic
(*) Sandra Racy e jornalista e barista de café
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