Conhecido como um reduto do samba e da boa música brasileira em Campinas e localizado bem no quadrilátero do centro histórico da cidade, na Rua Barão de Jaguara, o tradicional Tonico’s Boteco está encerrando as atividades. Mas, antes, haverá uma programação especial de despedida neste fim de semana prolongado pelo feriado de 7 de setembro.
O bar fecha enquanto Tonico’s, mas o estabelecimento foi vendido, e, após passar por uma reforma, deverá reabrir no início de outubro com novo nome e outra proposta.
Fundada em 1995 como Cervejaria Continental, a casa virou Tonico’s em 2001, tudo pelas mãos do empresário Paulo Henrique Oliveira. O nome é uma homenagem ao maestro e compositor campineiro Antônio Carlos Gomes, o mais importante compositor de ópera brasileiro, cujo apelido era Tonico.
O casarão centenário onde está instalado o bar foi preservado com toda estrutura arquitetônica original, com paredes de taipa, e fica bem em frente à praça Antônio Pompeu, marco zero de Campinas, onde está o monumento-túmulo de Carlos Gomes, um local cercado de referências históricas e culturais.
O palco do Tonico’s recebeu lendas do samba, como Nelson Sargento e Monarco, muitos artistas paulistanos, locais e regionais para apresentações de samba, além de boa MPB, até rock clássico e outros ritmos. A casa realizou muitos bailes de Carnaval, Festival de Marchinhas, era a sede da eleição do enredo do bloco Nem Sangue Nem Areia, da Vila Industrial, e recebeu lançamentos de livros e outras propostas descontraídas e criativas.
De acordo com o produtor cultural Marcos Ferreira, foram 15 anos de projeto de música às segundas-feiras, uma roda de samba com o grupo Contágio, 17 anos de apresentações da Velha Arte do Samba, Quarteto de Cordas Vocais, as sambistas Aureluce Santos (que morreu em dezembro de 2020), Ilcéi Mirian, Bruna Volpi, entre outros tantos artistas.
O boteco conquistou alguns prêmios da revista Veja Campinas, entre eles o de “Melhor Música ao Vivo” por três anos, além de ter sido indicado outras oito vezes.
Por 20 anos foi um ponto de encontro diferenciado na noite campineira, um espaço boêmio com aquela informalidade característica. Na decoração, painéis fotográficos da cidade antiga, pôsteres de obras do maestro, camisas de escolas de samba e fotos de músicos que tocaram na casa.
E no almoço, ainda mantinha um buffet self service de uma deliciosa gastronomia brasileira como opção para quem trabalha pelo Centro da cidade.
Nos últimos anos, o Tonico’s já enfrentava dificuldades. “Por estar em um local difícil, por não ter renovado seu público e por algumas outras coisas. Os custos no local são muito grandes e tínhamos muitos funcionários. Com a pandemia sofremos um ‘tsunami’ que, neste período, desestabilizou tudo. De qualquer forma, conseguimos dar suporte aos funcionários e optamos por vender para não fechar”, explicou Paulo Henrique Oliveira.
O Tonico’s foi vendido para outro empresário que já atua no segmento de bares da cidade. Segundo o produtor cultural, que deverá continuar com alguns projetos musicais na casa, os estilos deverão ser pagode, sertanejo, funk e pisadinha.
A previsão de reabertura é dia 7 de outubro.
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