Campinas voltou a registrar aumento no número de casos e internações por Covid-19, o que levou o prefeito Dario Saadi e autoridades de saúde da cidade a realizarem uma live nas redes sociais na tarde desta terça-feira, 25 de maio, para alertar e pedir a colaboração da população.
Além disso, a chegada da cepa indiana ao Brasil também preocupa, e a cidade vai monitorar pacientes provenientes de Buenos Aires, na Argentina, e do Maranhão, locais que já registraram casos com a variante do coronavírus.
De acordo com o prefeito, nas últimas três semanas houve um aumento consistente de pacientes atendidos com síndromes respiratórias ou com suspeita de Covid nos Centros de Saúde e gripários e que há um sinal de alerta na cidade.
Segundo a diretora do Departamento de Vigilância em Saúde de Campinas (Devisa), Andrea Von Zuben, houve um aumento de 36,7% nas últimas três semanas entre casos leves e mais graves. Além disso, há 15 dias eram 600 pessoas internadas com Covid, e hoje são 750.
Entre os testes, houve um aumento de 30% de positivação nas duas últimas semanas, o que significa uma maior circulação do vírus desde 11 de maio. Há uma predominância maior entre adultos jovens, com maior número de casos nas faixas entre 30 a 39 anos e 40 e 49 anos. Já entre os internados a predominância está na faixa dos 40 a 49 anos e 50 a 59 na sequência.
Em relação ao número de óbitos há uma queda, de -9,7%.
Prefeitura não descarta medidas restritivas
No dia 1º de junho está prevista uma nova flexibilização na chamada fase de transição do Plano São Paulo, mas o prefeito de Campinas não descarta a possibilidade de novas restrições diante do cenário em Campinas. Segundo ele, os dados serão avaliados por mais um ou dois dias, e caso os números se consolidem, medidas poderão ser tomadas, por isso o apelo à população.
“Achamos importante mostrar os dados hoje, esse aumento que está acontecendo e fazer esse apelo, implorar para a população para que ajude, porque não é fácil, ninguém quer tomar medidas restritivas. Mas fazemos um a apelo à população para que evite aglomerações, que siga as normas com distanciamento social e use máscara. E evitar as festas, os encontros com bebida alcoólica. Nossos levamentos e pesquisas mostram que as pessoas que são contaminadas ou participaram de evento social ou tiveram contato com alguém que participou. Então, se for necessário, vamos adotar medidas restritivas, Campinas tem adotado medidas quando necessário. O nosso posicionamento hoje é mostrar esse aumento e pedir apoio à população, caso isso não ocorra, caso os números se consolidem, não teremos outra saída”, afirmou.
De acordo com o secretário de Saúde, Lair Zambon, o momento é complexo, com aumento importante em ocupação de leitos. “Estamos em um momento que temos que correr com a vacinação, estamos com 25% da população vacinada com pelo menos a primeira dose, e o absenteísmo na segunda dose é baixo, talvez o menor do estado e do Brasil”, disse, mas ressaltou que as pessoas estão fazendo reuniões sociais, festas, estão burlando várias medidas sanitárias e que “é quase impossível para o poder público olhar tudo”, comentou.
As autoridades informaram que a Prefeitura tem recebido muitas denúncias de festas e aglomerações.
“Se chegar no final de julho com 500 mil pessoas vacinadas na primeira dose, será outro patamar. Precisamos da cooperação das pessoas, o que está furando os esforços são as festas, reuniões. Quando recebe visita, se a pessoa não faz parte da rotina familiar, precisa usar máscara. O número de acidentes aumentou, o que mostra que o trânsito aumentou. São pelo menos dois meses para se organizar, tomar cuidado, usar máscara, manter distanciamento, é um apelo também para não prejudicar as pessoas que precisam de UTI não-Covid. Não está tão longe de começarmos a ganhar a guerra”, argumentou.
O secretário reforçou que a cidade já antecedeu medidas do estado antes, e agora estão sendo usados os mesmos indicadores que levam a percepção de uma preocupação, e que se houver consolidação dos dados, “teremos que tomar decisões mais duras em relação à pandemia”, afirmou.
Monitoramento – cepa indiana
Segundo Andrea von Zuben, Campinas recebeu uma comunicação de risco porque é um dos municípios que faz parte do Centro de Informações Estratégicas de Vigilância em Saúde, e é uma das cidades que deve monitorar o que está acontecendo na pandemia, já que é cortado por várias rodovias, além do Aeroporto Internacional de Viracopos. O alerta ocorre sobre a circulação da nova variante indiana, com casos em Buenos Aires, na Argentina, e seis casos no Maranhão. “Isso preocupa muito porque a variante indiana pode ter o mesmo impacto que a P1, a variante amazônica, se adentrar nosso território”, disse. Também já há casos suspeitos em Minas Gerais, Pará, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul.
Ela informou que não há caso suspeito em Campinas, mas foi lançado alerta para toda rede pública e privada de saúde e para o Aeroporto de Viracopos sobre qualquer paciente que tenha sintoma respiratório proveniente ou da Argentina ou do Maranhão, já que Índia é mais difícil porque não há voo direto, mas a regra é para que para todo paciente seja perguntado sobre viagem, e se chega com sintoma, o paciente é levado para o ambulatório e é feita a notificação imediata para a Vigilância.
O prefeito explicou que não há como proibir a circulação de pessoas e que o aeroporto está sob jurisdição do governo federal, mas qualquer pessoa detectada como proveniente desses locais, todos os pacientes com suspeita de Covid, os médicos das redes pública e particular são obrigados a perguntar sobre viagens e contatos, e em caso de qualquer suspeita, a Vigilância é comunicada e o quadro é bloqueado.
Dados da pandemia em Campinas
Nesta terça-feira, 25 de maio, Campinas está com 398 leitos de UTI exclusivos para pacientes com Covid-19 nas redes pública e particular de saúde. Deste total, 351 estão ocupados, o que corresponde a uma taxa de ocupação de 88,19%. Há 47 leitos livres nas redes municipal e privada.
Também há nove pacientes à espera por leitos Covid-19 de UTI.
O presidente do Hospital Mário Gatti também demonstrou preocupação com o momento. “Voltamos a ter um pequeno aumento na ocupação de leitos, o que nos chama a atenção”, disse. “Nós estamos em um nível de internação hospitalar no pico, bastante alto, com poucas vagas. Começamos a ter uma lista de espera e esses são sinais que nos preocupam e que coincidem com o período de abertura e do Dia das Mães”, completou.
Na rede pública – municipal (151 leitos) e estadual (40 leitos) – a ocupação de UTI Covid está em 100%. No município, há apenas um leito vago, que é exclusivo para gestantes.
Na rede particular são 207 leitos, dos quais 161 estão ocupados, o que equivale a 77,78%. Há 46 leitos vagos.
A cidade teve mais 25 mortes por Covid-19 confirmadas nesta terça-feira (25), totalizando agora 3.284 óbitos. Entre os casos são 470 a mais, com um total de 100.930.
No balanço da vacina, 295.203 pessoas receberam a primeira dose, e 152.893 a segunda.
Foto: Carlos Bassan/Prefeitura de Campinas
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