Turismo

Herança arquitetônica do café em Campinas

27 de janeiro de 2021

Por Sandra Racy (*)

Os casarões do café, residências daqueles que foram considerados barões do café em uma época áurea do cultivar, permanecem até hoje em algumas fazendas, principalmente as que tem mais de 100 anos.

Retrato de uma economia pujante e ostentadora, os chamados barões investiam no que se tinha de melhor à época, nos idos de 1870, onde era moda levantar obras arquitetônicas muitas vezes com material vindo da Europa. Espalhados pelo Brasil com concentração maior em Minas, e outras regiões onde o plantio do café reinava, os casarões se mantêm até hoje atraindo a curiosidade de pesquisadores de várias áreas, como arquitetura, história, turismo, dentre outras.

Campinas e região ainda possuem alguns desses casarões, que provocam curiosidades nos visitantes e também proporcionam história pura, viva, não só por sua arquitetura, mas também por tudo que perpassa por esse momento com pilares econômicos e sociais tão intrínsecos que marcaram época, impulsionados primeiramente pela cana-de-açúcar e depois pelo plantio do café.

Para os mais atentos, ter acesso a estes casarões com olhar observador pode levar a imaginação a muitos lugares que nunca foram visitados na história. A representação dos mesmos passa por arquitetura, economia, café, história,  memórias e, principalmente, a costumes e cultura dos que ali viveram.

Hoje podemos dizer que, em relação à herança arquitetônica, tanto Campinas quanto a região possuem patrimônio considerável em algumas fazendas que ainda estão em atividade. Podemos citar a Fazenda das Cabras, Fazenda Capoeira Grande (foto no alto), dentre várias outras, e ainda a Fazenda Atibaia, que foi restaurada pela professora doutora Ana Villanueva, arquiteta e urbanista que trabalha há anos com restauração de patrimônio e recupera casarões. Segundo a arquiteta, recuperar é, acima de tudo, proporcionar acesso à informações ligadas à história, costumes e arquitetura.

Fazenda Atibaia

Fazenda Atibaia

Segundo a arquiteta, já na década de 1850, a fazenda que anteriormente produziu cana-de-açúcar passou a produzir o café, igualando a produção. Hoje, a Fazenda Atibaia recebe visitas disponibilizando seu conjunto arquitetônico.

Outra que se destaca na região de Campinas é a Fazenda Capoeira Grande, que data de 1890 e também tem seu conjunto arquitetônico preservado, além do cultivo do café. A Capoeira Grande tem uma curiosidade: ela é uma das poucas que ainda tem sua capela conservada dentro da sede e sua tulha tem parede de estuque.

Para os turistas, Campinas está muito bem servido de história, arquitetura e café, é só se dar o direito de conhecer e apreciar.

Ana Villanueva é arquiteta e restauradora, em especial restauro de sedes de fazendas de café do século XIX,  e professora doutora na área de arquitetura.

Para quem quiser conhecer mais do trabalho dela é só acessar: arquiteturacomvillanueva.com.

(*) Sandra Racy é barista e jornalista

Fotos: no alto, Fazenda Capoeira Grande / divulgação

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